Departamentos de Mulheres, Juventude e Fundo Rutî são aprovados na 53ª Assembleia Geral e compõem nova estrutura organizacional do CIR

A nomenclatura de Coordenação também mudou para Tuxaua, incluindo o Movimento de Mulheres Indígenas de Roraima

A partir de aprovações na 53ª Assembleia Geral e Extraordinária destinada a fazer mudanças no Estatuto, a estrutura organizacional do Conselho Indígena de Roraima (CIR), terá novas mudanças tanto na nomenclatura da Coordenação Executiva quanto no organograma da organização, com a criação de novos departamentos.

De Coordenadores para Tuxauas

 

Tuxauas do CIR – ASCOM/CIR

As lideranças aprovaram com unanimidade na 53ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima e na Assembleia Extraordinária, a nomenclatura utilizada para os coordenadores, Edinho Batista (Coord. Geral), Enock Taurepang (Vice-coordenador), e a Secretaria Geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana (Secretária). Os coordenadores e a secretária, passam a ser chamados de Tuxaua Geral, Vice- Tuxaua e Tuxaua Geral do Movimento de Mulheres Indígenas de Roraima, conforme nova mudança aprovada no Estatuto.

Novos departamentos

Plenária junto às lideranças – ASCOM/CIR

Destinado a apoiar atividades produtivas das comunidades indígenas e fortalecer a sustentabilidade, as lideranças também aprovaram a criação do “Departamento do Fundo Indígena Rutî”, coordenado pelo vice-tuxaua, Enock Taurepang. O fundo tem a previsão de iniciar as atividades em 2025, e vai apoiar as produções regionais, comunitárias e familiares.

“O intuito do Fundo Rutî é fortalecer o nosso produtor indígena da comunidade, que não tem assistência técnica e nem poder aquisitivo para fazer as coisa do jeito que ele quer, e o fundo vem fortalecer a identidade do povo indígena, fortalecer o que ele produz, fortalecer a comunidade e a nossa política do malocão”, ressaltou Taurepang.

Juventude Iindígena – ASCOM/CIR

Outra aprovação histórica para o movimento da juventude indígena de Roraima foi a aprovação do “Departamento da Juventude Indígena”, há 4 anos chamado de Núcleo. Foi um sonho realizado, como lembrou Paulo Ricardo, coordenador da juventude da região Raposa.

“A criação do departamento da juventude é um sonho realizado, sonhado pelos primeiros jovens como Cirilo Macuxi, e vai fortalecer a nossa representatividade enquanto juventude, o departamento vai possibilitar muitas oportunidades, principalmente chegar em mais comunidades indígenas”, finalizou Ricardo.

Mulheres Indígenas – ASCOM/CIR

Outro departamento aprovado foi o “Departamento das Mulheres Indígenas”, que passará a ser coordenado pela Tuxaua Geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana. “O departamento vem para nos fortalecer, vamos continuar com as nossas ações de empoderamento das mulheres, levando informações sobre seus direitos. Pretendemos ter uma psicóloga e uma advogada para dar suporte às mulheres”, afirmou Wapichana.

Também aprovaram novas comunidades nas regiões Wai-Wai, Raposa, Baixo Cotingo e Serras, assim como a participação no Acampamento Terra Livre (ATL) em Boa Vista e Brasília. Somam agora 271 comunidades membro do CIR.

Carta da 53ª Assembleia Geral

Na carta de 08 páginas, que será enviada aos órgãos públicos do poder Executivo, Legislativo e Judiciário, as lideranças reivindicam um plano estratégico e concreto para proteger a integridade física das lideranças e dos territórios que têm sofrido ameaças por parte dos não indígenas.

Outra reivindicação destinada à Funai e Ibama é o levantamento das invasões nas comunidades: Morcego e Serra da Moça, da TI Serra da Moça, região Murupu. Nessas terras, existe um número significativo de ocupações na proximidade da estrada que dá acesso à comunidade, e tem se expandido para dentro dos limites da terra indígena Serra da Moça, bem como, a pressão de monoculturas de soja que tem colocado em risco a saúde dos moradores, com o despejo de agrotóxicos.

Consta na carta, que o Conselho Estadual de Educação e o Ministério da Educação (MEC), reconheçam o Centro Indígena de Formação Raposa Serra do Sol (CIFRSS), como uma instituição de Ensino indígena autônoma, bem como garanta recursos para contratação de professores, pessoal de apoio e administrativo.

Há também na carta, apoio às lideranças e às comunidades Arapuá, da Terra Indígena Arapuá, T.I Anzol, T.I Truaru da Cabeceira, T.I Pium, T.I Serra da Moça, T.I Manoá Pium, T.I Lago da Praia, que lutam e resistem há mais de 50 anos pela demarcação e retomada de seu território ancestral, enfrentando diariamente, violações de seus direitos.

Na Assembleia que reuniu mais de mil participantes, realizada no histórico Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFRR), em um ato de luta e resistência, os povos indígenas ressaltaram que “movimento indígena é movimento indígena e governo é governo”.

CONFIRA A CARTA: CARTA FINAL DA 53ª AGPIRR