Tradição: XII Festival do Beijú 2023 Fortalece a Cultura Indígena em Roraima

A comunidade indígena Tabalascada, localizada na região Serra da Lua, no município do Cantá, realiza o XII Festival do Beijú. O evento inicia hoje, dia 30 de novembro, e finaliza em 02 de dezembro.

O Festival do Beijú, em 2023, conta com uma vasta programação com disputas de competições tradicionais indígenas, como: arco e flecha, trançar darruana, corrida do Beijú, estilingue (baladeira), dança do parichara, comer mais beijú, cabo de guerra, corrida com tora, fiar algodão, ralar mandioca, tomar caxiri, corrida com mulher nas costas e muito mais. Além de competições de futebol masculino e futebol feminino Society.

Comer mais beijú – (Foto: Greice Rocha)

O Festival, é realizado para fortalecer a cultura dos povos indígenas Wapichana e Macuxi da região Serra da Lua. Bem como as comunidades vizinhas, munícipes de Cantá, Boa Vista e

outras localidades, que ao longo dos anos tem frequentado o evento e obtendo mais conhecimento sobre a Terra Indígena Tabalascada.
O tuxaua da comunidade Tabalascada e coordenador geral do festival, Cesar da Silva, conta que está trabalhando diariamente para receber todos os convidados.

 

Estamos com uma expectativa muito grande de poder receber todos os nossos convidados e visitantes, tanto das comunidades indígenas e da cidade. A gente e reforça o convite a todos virem participar conosco. Teremos muitas atrações culturais, competições indígenas durante os três dias de festa. Estamos muito felizes na preparação para receber todos que vierem prestigiar nosso evento,” afirmou o tuxaua.

Em todas as noites de festa, terão atrações culturais, como a escolha da rainha do XlI Festival do Beijú e muito mais. Além de festa dançante. A comunidade Tabalascada fica localizada na BR 432, no município do Cantá a 26 km de Boa Vista.

HISTÓRICO DO FESTIVAL

A primeira edição do Festival do Beijú ocorreu em 2005,fundado na época pelo então Secretário de Assuntos Indígenas do município do Cantá, Jodecildo Cruz Cadete,e nos anos posteriores, até 2008. A festa por motivo de força maior, por alguns anos não foi realizada. Em 2013, Jodecildo Cruz, foi eleito tuxaua da comunidade Tabalascada, quando novamente iniciou o planejamento a realização do evento.Porém, infelizmente, em 31 de agosto do mesmo ano o tuxaua faleceu.

Festival do Beijú – (Foto: Greice Rocha)

Devido a perda da liderança, o Festival do Beijú só foi retomado em 2014, sob a responsabilidade do tuxaua e atualmente coordenador regional da Serra da Lua, César da Silva. Em 2015 e 2016, o festival tomou se tornou o um dos maiores eventos culturais, em 2016 teve um público nos dois últimos dias de aproximadamente 6 mil participantes. Desde então o festival cresceu a cada ano. No auge da festa, quando se planejava ser a maior de todos os tempos, novamente foi suspensa em 2020 e 2021 por conta da pandemia do coronavírus.O evento voltou a ser realizado em 2022.

BEIJÚ

Arco e flecha – (Foto: Greice Rocha)
Estilingue – (Foto: Greice Rocha)
Comer mais Beijú – (Foto: Greice Rocha)

O beijú é feito a base da massa da mandioca ou macaxeira, é um dos alimentos base da alimentação dos povos indígenas do Estado de Roraima. É um alimento diário que acompanha outros alimentos tradicionais como a damurida e farinha. A mandioca ou macaxeira, são arrancadas do chão, raspadas e lavadas, em seguida são cevadas no caititu movido a um motor ou mesmo a um ralo (método tradicional).

Após ser cevada, a massa é colocada em uma prensa ou tipiti, logo após ser retirado o tucupi, a masse é peneirada e levada ao forno aquecido até ficar totalmente assado. Tirado do forno, é levado para ficar seco à luz do sol. O beijú pode ser feito também de goma, derivado da mandioca e da macaxeira, e pode ser consumido puro, com caldos, geleias, ou café.

Os povos indígenas da região Serra da Lua, vivem em terras indígenas demarcadas em ilhas. Tendo com isso grande parte do território reduzido a pequenas porções de terras. No entanto querem manter vivas as tradições e costumes que ainda restam.
Como levar aos mais jovens indígenas e não indígenas o conhecimento da realidade dos povos que residem no Estado de Roraima.