Assembleia Regional Tabaio – Território, saúde, educação e política são debatidos na Assembleia

Seguindo a agenda das assembleias regionais, hoje (15) foi o último dia da assembleia da Região Tabaio com o tema “Aprender com o passado, viver o presente e preparar o futuro”.

Lideranças das comunidades Barata, Livramento, Pium, Anta I e II, Boqueirão e Mangueira, que fazem parte da região Tabaio, participaram da assembleia regional, iniciada na segunda-feira (13), na comunidade indígena Pium, município de Alto Alegre, um território sagrado, símbolo de luta e resistência dos povos indígenas da região.

Assembleia regional – é o modo organizacional dos povos indígenas, onde as lideranças apresentam as demandas, os problemas das comunidades nas áreas da saúde, educação. As assembleias são feitas as prestações de contas sobre os projetos de roças, gados e territórios. Além disso, são planejados os trabalhos e as atividades para o ano seguinte, como explicou a segundaTuxaua da comunidade Pium, Sara Pereira.

 

Lideranças das Comunidades indígenas da Região Tabaio partipando da Assembleia

“Essa assembleia ocorre todo ano, onde falamos sobre a defesa dos nossos direitos e território, é aqui que unimos as forças e nos fortalecemos para continuar a luta por todos os povos, e foi isso que debatemos nesses dias”, explicou Sara

A vice – tuxaua, ressaltou ainda sobre a política do malocão que mantém viva a união dos povos indígenas na conquista e ocupação de novos espaços, e política partidária, um dos temas bastante discutida durante a assembleia.

“A política partidária foi discutida, porque não temos nenhum representante indígena aqui do nosso estado na Câmara dos Deputados para nos defender e defender nossos direitosos, os demais políticos não vêm com compromissos as nossas necessidades”, concluiu a tuxaua.

Desde os primeiros dias foram abordadas as pautas sobre a situação orçamentária organizacional e política dos órgãos e instituições públicas que desenvolve e exercem nas terras indígenas, com a participação das instituições como FUNAI, MPF, DSEI-LESTE, ADERR, CONDISI, SEPI e outros.

A coordenação executiva do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que esteve na assembleia regional de Amajari, também participou da assembleia do Tabaio, junto com os representantes dos departamentos da instituição. Cada um apresentou as atividades desenvolvidas pelos setores, como o DAF, comunicação, jurídico, apoio emergencial, juventude, mulheres e departamento de Gestão Territorial e Ambiental.

Edinho Batista, coordenador geral da organização, afirmou que levar a comitiva na base é uma forma das pessoas conhecerem quem faz parte do CIR, para que vejam que a equipe é composta por indígenas, uma vitória histórica, resultado de muita luta e resistência.

 

Comissão do Conselho Indígena de Roraima repassando informações sobre as ações da Organização

” Há dez anos, os não indígenas eram a maioria atuando nos departamentos do CIR, hoje esses cargos são ocupados por nossos parentes e isso é uma vitória para nós, lideranças, afirmou o coordenador. O coordenador reforçou que o CIR, são os povos indígenas das 263 comunidades que fazem parte da organização, e que os trabalhos são feitos para todos.

Já Enock Taurepang, vice coordenador do CIR, apresentou a assembleia o Fundo Indígena Jamaxim, onde serão desenvolvidos projetos nas comunidades indígenas, e pediu que a juventude fortaleça sua lideranças.

A região Tabaio tem cerca de 3.500 moradores, que tem sofrido com o avanço da soja, uso de agrotóxicos e garimpo ilegal, ponto explanado pelo assessor jurídico Ivo Makuxi.

O empoderamento feminino é o direito da mulher, fez parte da fala da secretária geral do Movimento indígena de Roraima, Kelliane Wapichana.
” precisamos cuidar das nossas mulheres, trazendo oficinas com informações, principalmente sobre a violência contra a mulher”, disse a secretária.

Os participantes aproveitaram a presença da comitiva para tirar dúvidas e apresentar demandas. Tuxaua Jorge, da comunidade Livramento pediu que o CIR, fosse à comunidade apresentar os projetos que podem ser feitos no local, com apoio da instituição.

Seu Marildo da Silva, da comunidade Boqueirão, coordenador regional do GPVTI, destacou ao jurídico a preocupação com relação a bebida alcoólica e o garimpo ilegal, pois a comunidade da acesso às áreas que estão sendo alvos da atividade ilegal.
” Quero saber, como podemos agir nesses casos” frisou a liderança.

O tuxaua do Boqueirão, Claudinei Santiago, pediu apoio logístico para fazer a limpeza no limite da área demarcada que fica na divisa de uma fazenda.
” Precisamos da ajuda de vocês para manter nosso território”, disse o tuxaua.

Esses é outros questionamentos, foram respondidos pelos representantes dos departamentos, e conforme solicitação irão atender as demandas.

Ao final da assembleia as deliberações discutidas nos três foram aprovadas.