Comunidade Indígena Novo Paraíso na região Serra da Lua promove palestra informativa sobre direitos das mulheres, crianças e adolescentes

A comunidade indígena Novo Paraíso, na região Serra da Lua, promoveu pela primeira vez palestra sobre “Direitos das Mulheres, Crianças e Adolescentes na Comunidade”. De iniciativa da Tuxaua Maria Loreta, há quatro meses na função, a atividade foi realizada na última sexta-feira, 16, no malocão comunitário, e reuniu 200 participantes, entre mulheres, crianças e jovens.

Mesmo com um instrumento importante de organização social da comunidade, o regimento interno, a Tuxaua buscou outras alternativas para levar conhecimento e informação à comunidade.

Contente com a realização da palestra, Loreta explicou como conseguiu realizar e importância da iniciativa. ” É a primeira vez que recebemos esse tipo de palestra. Tudo foi feito junto com a comunidade, procurei saber a necessidade do meu povo. É importante sabermos que temos direitos e deveres, precisamos respeitar, e mesmo aqui tendo regimento interno é preciso saber que, dependendo da situação arcamos com nossos atos. Agradeço a colaboração de todos”,

Palestras envolvendo lideranças

Participaram da programação representantes do Conselho Indígena de Roraima(CIR), Lideranças Indígenas, Conselho Tutelar de Bonfim, Creas, Agentes de Saúde, Defensoria Pública e os moradores da comunidade.

Conselheiros tutelares do município de Bonfim apresentaram o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que traz os direitos e deveres desse público, como por exemplo o direito à educação, saúde e lazer.

Terezinha Muniz, defensora pública do Estado, que atua na promoção e defesa dos direitos da mulher, abordou sobre a lei Maria da Penha, os tipos de violência doméstica e familiar, violência física,moral,sexual,psicológica, e patrimonial.

Os moradores aproveitaram para tirar dúvidas sobre o assunto, com situações que vivem do dia a dia, como por exemplo os cuidados com os idosos, que muitas vezes moram sozinhos e precisam de ajuda, a venda de bebidas alcoólicas para menores, abandono de incapaz, violência doméstica.

Keliane Wapichana, secretaria do Movimento de Mulheres do CIR, questionou o conselho tutelar com relação aos índice de abuso sexual contra crianças e adolescentes na região serra da lua, e o que ele tem feito com essa realidade.

Secretaria de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana

Conforme Alice Rebeca, conselheira tutelar, o índice de abuso contra crianças e adolescentes na região Serra da Lua é grande, e que ainda será implantado um sistema para monitorar os casos.

“Enquanto não estamos com o sistema em mãos,os casos são encaminhados à polícia civil. O que nós podemos fazer é o trabalho de prevenção nas comunidades visitas in loco para saber das denúncias”, disse Alice.

O coordenador do Conselho Indígenas de Roraima, Edinho Batista, falou da importância da participação para debater o tema junto a comunidade. Batista parabenizou a iniciativa da tuxaua.

“Ouvi as conselheiras falarem do ECA, e os moradores pontuarem algumas situações, esses problemas que existem com jovens, crianças, mulheres, nós procuramos resolver com a comunidade. É preciso ter pulso firme. Mas, se for preciso acionarmos as instituições que também são importantes para manter a ordem”.

Coordenador do CIR, Edinho Batista

A coordenadora estadual da juventude Raquel Wapichana,reforçou a importância da família na palestra, para ouvir as falas sobre os temas, principalmente sobre os direitos das crianças e jovens. “Hoje a gente conhece nossos direitos, por meio desses parceiros que de alguma maneira estão aí para nos ajudar e isso é importante”.

Raquel também falou sobre os cuidados com a saúde mental dos jovens,”Nossos jovens estão passando por momentos difíceis. É essencial ajudá-los, porque eles são o presente, cuidar deles para que no futuro estejam presentes conosco”.

Durante uma dinâmica, a secretária do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, pediu basta para violência contra a mulher, e listou alguns direitos da mulher,como direito à liberdade de pensamento,direito à informação, à saúde, direito à privacidade e outros. Na sua fala, ela encorajou as mulheres.

“As mulheres precisam ser respeitadas, e as mulheres precisam se amar, se valorizar. Não tenham medo, tenham coragem para ecoar a sua voz enquanto mulher”, encorajou.

 

Coordenadora Estadual de Jovens Raquel Wapichana