Não ao Marco Temporal. Não A PL 490/07
Pensem se a alguns anos não tivéssemos acolhido e abrigado os que hoje nos ignoram, assassinam e negam nossa identidade, meio de vida e o que protegemos, o que teríamos?
Quem sabe parte de algo tão lindo quanto o canto macuxi, e Taurepang, quem sabe os Tupi que preservaram o jardim lindo que os abrigavam, que o homem branco ao olhar achou que fosse o paraíso. Quem sabe teríamos vovó Bernaldina José cantando e curando as centenas, professor Fausto Mandulão ensinando e rindo ao dançar parixara, e Dionito José de pé em frente a assembleia geral dos povos.
Teríamos a terra limpa a água saldável, teríamos yanomamis sorrindo e não sendo atacados correndo de bala, eles nos negam o dever da proteção. Não é menos que sórdido pensar que tudo absolutamente tudo o que querem é dinheiro, para saciar sua sede de sangue matam, para ocultar corpos mentem, para negar a saúde ou o seu acesso, eles negam 53 vezes. O Marco Temporal nos tira o mérito de sobreviver pelo que temos, pois tudo era nosso, da serra que hoje é tragada aos poucos aos rios e peixes que morrem de forma rápida. Quando dizemos não ao Marco temporal, não é só pelo fato de este ser um crime é por termos novamente de levantar nossa bandeira que a almeja leveza dos pássaros ao sobrevoar mata preservada.
Jaci de Souza, ainda vivo sempre diz: vamos lutar, até o ultimo indígena!
Esperamos jamais ter de um dia chegar a isso, pois a febre nos assola, a fome nos cerca e as armas estão sempre apontadas a nós o Povo Indígena, pertencentes a terra e vindos dela.
E Quando entoamos canções não procurem beleza, é um grito de socorro, nos ouçam.
Não pedimos por favor em nossa terra, nos deixamos vocês viverem nela, e ainda assim a tomaram de assalto, mataram nossos anciãos, e mancharam de sangue indígena todo esse chão que hoje vocês pisam, e ainda querem mais.
#PL 490 NÃO,
E sim, usaremos as redes sociais, nossos celulares a tecnologia que obtemos, afinal somos o que somos por felizmente nos adaptar as conjunturas, e para abrigar o conhecimento que nos foi passado, mesmo que não quisessem que falássemos nossa língua.
O que teríamos?
Hoje aparenta mas não é tão fácil assim perguntar, mas talvez nosso senso de paz fosse diferente, e nossa voz fosse respeitada ao se levantar.
O conselho indígena de Roraima CIR ao longo de seus 50 anos, representante de 256 comunidades e 10 etnorregiões, presenciou e combateu de perto a tirania, o desprezo e a ignorância, e nos anos que seguem iremos com a força de nosso povo continuar a batalha, o Projeto de Lei 490/2007 atinge diretamente povos indígenas que buscam demarcar sua terras, e estará em pauta no dia 11 de Junho de 2021 (sexta-feira), aparenta em nossa visão mais um desembarque, como a 521 anos atrás, eles veem, e de novo vamos lutar.
De nada custa estar de pé pelo certo e conservar a Mãe Terra, nossos tuxauas, crianças, e mulheres, nossa cultura.
Até o ultimo indígena, acredite isso não será em vão, nunca vamos nos render e jamais iremos recuar.
Terra livre, Povo Indígena livre.
NÃO AO MARCO TEMPORAL, NÃO A PL 490/2007
Conselho Indígena de Roraima 10 de Junho 2021