Lideranças atuam na proteção territorial e denunciam indícios de invasões na região Surumu/Raposa Serra do Sol

A ausência do Estado brasileiro no cumprimento dos direitos à proteção, fiscalização e monitoramento das terras indígenas, resulta na continuidade de invasões, deixando cada vez mais os povos indígenas vulneráveis às atividades ilegais, como o garimpo e agora o turismo, atuando sem consulta e autorização das comunidades indígenas, além de outros problemas antigos.

Parte da Equipe do Coordenador Walter em campo

Uma das áreas afetadas é na região do Surumu, na terra indígena Raposa Serra do Sol, que acionou o Conselho Indígena de Roraima (CIR), para denunciar a realização de atividade de turismo sem autorização das comunidades e o impacto do lixão, na sede do município de Pacaraima. A região do Surumu compreende duas terras indígenas, São Marcos e Raposa Serra do Sol.

Em uma atividade de monitoramento com uso de drone, as lideranças e membros do Grupo de Proteção, Vigilância e Territorial Indígena (GPVTI), identificaram atividade de turismo ilegal, garimpo e uma extensa área poluída pelo lixão em Pacarima. A cobiça do turismo são as cachoeiras na região.

O coordenador regional, Walter de Oliveira, 56 anos, povo Macuxi, que conduziu a ação juntamente com o GPVTI, relatou a preocupação com as invasões e pediu providências. Explicou que a ação faz parte do plano de gestão ambiental e territorial da região.

“A terra é de uma área que está sendo trabalhada um turismo, de forma ilegal e que não tem acordo ainda com as lideranças. Essa área está dentro do plano de gestão territorial da região do Surumu, uma das únicas onde se tem mata nativa preservada e animais silvestres”, informou.

A perspectiva é que a ação fortaleça o monitoramento, com intuito de manter a fauna e a flora preservadas.

 

Imagens: 1-2, área de proteção indígena na fronteira Brasil/ Venezuela – Imagem: 3, Marco 07, fronteira – BRA/VEN

Lixão poluindo fontes de água

Outra preocupação é com o lixão de Pacaraima, que vem atingindo diretamente comunidades indígenas, poluindo a água da região

“É uma situação que ela vem se arrastando há anos, em 1994, quando a gente fez a primeira visita, ele era bem pequeno, um lugar que dava para ser conservado. Lixo que estava sendo depositado ali dentro, mas com o crescimento da área urbana também cresceu o lixo, que agora é uma preocupação grande para nós”, relatou o coordenador. As comunidades às margens do Rio Miang e Surumu, são as mais atingidas com a poluição.

Segundo o coordenador, só na região de Surumu são afetadas as comunidades do Limão, Pedra do Sol, Canta Galo, São Jorge, Nova Vitória, Santa Isabel, São Miguel,Barro e consequentemente, o Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS).

As ações de monitoramento das lideranças indígenas acontecem de forma contínua e atuam na defesa do território pelas lideranças indígenas.

A região Surumu é uma das quatro regiões da terra indígena Raposa Serra do Sol.

 

Imagens do lixão/ Lideranças indígenas protestam contra o aumento da poluição dezembro de 2023/ Fotos: Comunicadores da Rede Wakiwaa – Região Surumu