Durante seminário, povos indígenas de Roraima discutem estratégias de REDD e enfrentamento às mudanças climáticas

Povos indígenas de várias regiões do estado de Roraima participam do 3º seminário “ Conhecendo as Estratégias de REDD do Estado de Roraima com os Povos Indígenas no Enfrentamento às Mudanças Climáticas”, destinado a discutir estratégias e entender sobre esses mecanismos no contexto de mudanças climáticas. O evento, promovido pelo Departamento de Gestão Territorial e Ambiental (DGTA) do Conselho Indígena de Roraima (CIR), ocorre em Boa Vista, até amanhã, 14.

Na abertura, pela manhã, as lideranças indígenas expressaram preocupação com as perdas nas roças e destacam a necessidade urgente de políticas públicas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

Cecilita Ingaricó – Ascom/CIR

A presidente do Conselho do Povo Ingarikó (Coping), Cecilita Ingaricó, levantou preocupação com o tempo e que, segundo, está cada vez mais instável.

“O tempo está diferente, não é mais como antes, nossa terra pede socorro, estamos perdendo nossas roças, estamos muito preocupados. As produções estão sendo perdidas. Como podemos ajudar nossas comunidades? Precisamos de políticas públicas”, reivindicou.

A coordenadora do DGTA, Sineia Bezerra do Vale, do povo Wapichana, há 11 anos atuando no debate sobre mudanças climáticas, destacou que é preciso de fato ouvir os povos indígenas que, drasticamente, vêm sendo afetados com as mudanças climáticas.

Os povos indígenas têm que fazer parte das discussões, não ser apenas beneficiários. Nossa construção é coletiva, não recebemos nada pronto”,por isso,estamos aqui reunidos,para pensar estratégias em prol de todos”, afirmou Sineia.

Sineia Wapichana – Ascom/CIR

Sineia é coordenadora do Comitê de Mudanças Climáticas (CIMC) e recentemente, durante a Conferência de Mudanças Climáticas (COP-28), em Dubai, foi nomeada como co – presidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima para América Latina e Caribe ( Caucus Indígena), um espaço de destaque na agenda climática global.

Participam do evento, lideranças das regiões Surumu, Serras, Murupu, Waiwai, Serra da Lua, Tabaio, Alto Caumé, Baixo Cotingo, e Raposa, que buscam por soluções para proteger suas terras e garantir a sobrevivência de suas culturas diante dos impactos das mudanças climáticas.

Destacaram no evento o decreto de governança e participação social em Roraima, que criou Câmaras Temáticas, incluindo a Câmara Indígena, como apresentado pela diretora de Pesquisa, Tecnologia e Gestão na Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Roraima (FEMARH), Luana Tabaldi.

É fundamental a participação de vocês. Esses espaços são muito importantes para entender os processos e alcançar resultados favoráveis a todos”, disse Tabaldi.

Ascom/CIR

O encontro é o último de 2023, e terá plenárias sobre a compreensão dos mecanismos para impactos das mudanças climáticas, experiência de mecanismos construídos pelos povos indígenas de Roraima, e apresentação da construção da estratégia de REED do estado de Roraima. Terá também atividade que vai proporcionar compartilhamentos de saberes tradicionais e debates sobre ações que possam diminuir os impactos das mudanças climáticas.

Para a realização do evento, a organização conta com a parceria do Janela B, Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).