Mulheres indígenas recebem oficinas sobre direito e combate à violência

Os casos de violências contra as mulheres, especificamente indígenas, cada vez se torna preocupante nas comunidades indígenas de Roraima. Os casos vão de violência psicológica ao mais graves, como a física, causando até mortes.

Para levar informações e esclarecimentos sobre as alternativas de combate às violências, assim como sobre os direitos e deveres das mulheres, a Secretaria do Movimento de Mulheres Indígena do Conselho Indígena de Roraima (CIR), tem promovido a partir das demandas das mulheres indígenas, oficinas sobre violência contra a mulher.

Nesta quinta-feira (16), quatro comunidades indígenas da região Murupu, Serra da Moça, Truaru da Cabeceira, Morcego e Truaru da Serra receberam a oficina, com a presença de aproximadamente 50 mulheres. O evento, realizado na comunidade indígena Serra da Moça, segue até amanhã, 17.

A secretária geral do Movimento de Mulheres Indígena, Kelliane Wapichana, que tem acompanhado as atividades nas comunidades indígenas, ressaltou que a ação busca levar informações, esclarecimentos e sensibilização às comunidades indígenas.

 

Kelliane Wapichana Secretaria do Movimento de Mulheres indígenas conversa com liderança tradicional/ Comitiva do CIR

“Essa é a segunda oficina, um momento de levar informações, esclarecimentos e sensibilização às comunidades indígenas. Que as mulheres possam levar as informações e ajudar a combater dentro das comunidades”, ressaltou. A Secretária também comentou que, o alto índice de violência contra as mulheres, atinge os territórios e que precisa ser cometido.

Através de grupos de trabalhos (GTs), as mulheres pontuaram os tipos de violências e os direitos, como direito à liberdade, de ocupar cargos e demais direitos garantidos amparados na lei.

O debate foi mediado pela equipe da assessoria jurídica do CIR, os advogados Junior Nicacio e Ivo Makuxi, e a consultora jurídica, a advogada indígena Fernanda Wapichana. Para a advogada, “o medo existe e é um dos causadores de violência, mas o importante é não se calar”, refletiu.

Considerou que, “uma das alternativas é criar uma rede de apoio, entre as mulheres das próprias comunidades e regiões, para ajudar quem sofre violência”.

A coordenadora regional do Murupu, Valdelia da Silva Pinto, destacou a importância de realizar a atividade na comunidade, uma ação que ajudará as mulheres. “ O evento é importante para conhecermos os direitos e deveres. E agora, teremos que repassar aquelas mulheres que não puderam vir”, avaliou.

  

Coordenadora Regional de mulheres indígenas da Região Murupu Valdélia/ Realização de oficinas e atividades

O coordenador geral do CIR, Edinho Batista, reforçou que violência não pode ser considerado em nenhum aspecto como uma questão cultural e que assunto deve ser ampliado demais eventos das regiões. “ Violência é violência, não se pode considerar como uma questão cultural. Precisamos debater nas nossas grandes Assembleias e combater toda forma de violência contra as mulheres”, considerou.

Durante a noite tambem foi realizado o ato contra a violencia contra as Mulheres, além de entrega de brindes e lembrenças.

As mulheres tiveram a oportunidade de conhecer os direitos baseadas na Lei Maria da Penha, e os diversos tipos direitos garantidos na Constituição. Na análise da Secretaria, a Lei Maria da Penha, apesar de abranger direitos das mulheres no Brasil, ainda não atende a realidade das mulheres indígenas, mas trás subsídios importantes para o enfrentamento das violências.

A Secretaria realizou a I Oficina na comunidade indígena Raimundão I, na região do Alto Cauamé. Outras regiões também receberão oficinas e atividades nesse contexto.