O Conselho Indígena de Roraima (CIR) encerrou nesta quarta-feira (6) a segunda etapa da campanha de distribuição de 178 cestas básicas, kits de higiene e álcool em gel às famílias das lideranças indígenas que estão nas barreiras sanitárias de proteção das comunidades do estado. A distribuição iniciou em 22 de maio. Os auxílios são para familiares do Grupo de Proteção Territorial (GPVITI) e às famílias de lideranças que se organizaram para realizar o monitoramento de prevenção no enfrentamento do novo coronavírus.
Com objetivo de proteger os moradores da comunidade Nova Vida, na região de Amajari, os voluntários do grupo de proteção controlam o fluxo de pessoas nas barreiras sanitárias que funcionam 24 horas por dia. A orientação para permanecer nas comunidades durante o período da pandemia partiu da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde.
De acordo com as lideranças da comunidade, uma vez por semana a saída é liberada para quem quer ir comprar alimentação no município, mas só é permitido circular com as medidas de prevenção necessárias. A iniciativa do controle é da própria comunidade. Os grupos são formados por pais de família, professores, mulheres, jovens e lideranças.
Logo que um morador chega à barreira sanitária, ele tem de lavar as mãos com água e sabão para evitar a entrada do vírus na comunidade. Motos, bicicletas e carros também passam por dedetização. As cestas básicas e kits de higiene levados pelo CIR foram higienizados pelos integrantes que estavam na barreira da comunidade mesmo de antes de serem entregues às famílias.
Conforme o coordenador geral do conselho indígena de Roraima (CIR) Enock Taurepang, as cestas visam atender as famílias que têm parentes atuando voluntariamente nas barreiras sanitárias. “Para um pai de família que sai um dia fora de casa, ele deixa de ir para a roça, deixa de ir pescar, caçar. Foi por isso que pensamos em dar esse suporte”, explicou.
“As cestas vêm pra ajudar as nossas famílias que estão em casa, enquanto estamos aqui lutando pelos nossos filhos e eles esperam que a gente volte com saúde”, disse Auxiliadora Ribeiro, da etnia Macuxi, ela que é vice-coordenadora regional das mulheres e está nessa atividade na barreira.
Outra comunidade que recebeu as doações nesta segunda etapa foi à comunidade Jacamim, região Serra da Lua, município de Bonfim. Com todas as medidas preventivas como uso de máscaras, luvas e álcool em gel para higienizar as mãos, a equipe do CIR seguiu 160 km de Boa vista até a barreira sanitária da comunidade.
Ao chegar a Jacamim a equipe foi recepcionada pelo coordenador do GPVITI, Benedito das Chagas. Ele pintou o rosto com o urucum benzido pelo pajé, que segundo ele serve para espantar o espírito mal, e em seguida rezou nas cestas que iria receber.
A barreira sanitária da comunidade é composta por 12 GPVTIs. Eles se revezam entre o dia e a noite. Além de restringir a entrada de pessoas que não moram na comunidade, os moradores também usam a medicina tradicional como meio de se prevenir.
“Aqui nós usamos a medicina tradicional e uma delas é o urucum benzido pelo pajé isso faz com que espante o espírito mal e qualquer doença. Quanto às doações dos alimentos vão nos ajudar bastante”, disse.
Na região Tabaio as comunidades Livramento, Anta I e Anta II, também receberam a assistência. O Tuxaua da Comunidade Livramento Sebastião Malheiro reconheceu a importância dessa ajuda. “É para o bem estar da nossa comunidade que estamos aqui na entrada da nossa comunidade”.
As barreiras sanitárias das comunidades que receberam os auxílios apoiados pelo CIR, ICS e COIAB foram: região Serra da Lua: Alta Arraia, terra Indígena Manoá Pium, Muriru e comunidade Jacamim.
Região Murupu: comunidade Anzol eTerra indígena Serra da Moça
Região Amajarí: Guaruba, Mutamba e Nova Vida
Fotos: Márcia Fernandes