BREVE HISTÓRICO: O Departamento de Comunicação faz parte da estrutura organizacional do CIR, criado há décadas, especificamente, nas décadas de 80 e 90, como instrumento de divulgação das questões indígenas locais, principalmente a luta pela terra, a violência cometida contra os povos indígenas e as constantes invasões nos territórios, além de informar as comunidades indígenas sobre a atuação do CIR no âmbito local, regional, nacional e internacional, como mostram os primeiros informativos denominado “Anna Yakaré- Nossa Notícia”, na língua Macuxi, originado pelo Centro de Informação da Diocese de Roraima (CIDR) e produzido com informações fornecidas pelo CIR. Conforme o Regimento Interno da organização, no artigo 28, compete ao Departamento de Comunicação, dentre outras funcionalidades, apresentar propostas de trabalho, visando à melhoria no atendimento dos serviços de comunicação desenvolvidos pela entidade, elaborar os boletins informativos e matérias jornalísticas visando à promoção e defesa da organização, divulgar as informações para as comunidades indígenas, contatos sobre a situação dos povos indígenas, fazer cobertura jornalística dos eventos internos e externos de maior expressividade e/ou interesse dos povos indígenas de Roraima, além de buscar informações aos departamentos do CIR sobre atividade de divulgação do trabalho do CIR e das comunidades e assessorar as reuniões ampliadas, assembleias geral dos Tuxauas e reuniões comunitárias.
EQUIPE: A composição do Departamento de Comunicação já foi bastante diversificada, até chegar a atual composição somente por profissionais indígenas. Passaram pelo Departamento, atuando de forma esporádica e permanentes, os jornalistas Pablo Sérgio, Antonia Costa, Jessé Souza, Paula Brenha, André Vasconcelos e por último, a jornalista indígena Mayra Wapichana( 2016 a 2018), além do assistente de Comunicação Davison Buckley, Wapichana, atuou no setor. Pode- se dizer que foi primeiro comunicador indígena a atuar no Departamento. Com o processo de mudança em 2019, quando a então jornalista Mayra Wapichana, compôs a equipe de comunicação do mandato parlamentar da ex-deputada federal Joenia Wapichana, primeira deputada federal indígena do Brasil, a organização acolheu novos profissionais indígenas, como Márcia Fernandes, jornalista, mestre em comunicação e atual coordenadora do Departamento, Ariene dos Santos Lima, jornalista e primeira mestra indígena em Comunicação no Brasil, o fotojornalista, Caique Pinho, que cursa Comunicação Social na Universidade Federal de Roraima (UFRR), Helena Leocádio, do povo Wapichana, jornalista e recentemente, Ellie Gomes de Castro, do povo Macuxi, estudante de Jornalismo da UFRR, que atua como Assistente de Comunicação, exercendo a essencial função de social media. A atual composição é um avanço na organização CIR, pois possui em seus quadros de profissionais somente indígenas que, alinhados à causa e ao compromisso profissional, exercem uma posição de protagonismo e de conquista nos espaços de comunicação em Roraima, na Amazônia e no Brasil.
Histórico
REDE WAKYWAA
A Rede de Comunicadores Indígenas Wakywaa ( nome na língua Wapichana) é um instrumento de luta e de visibilidade indígena, composta por jovens comunicadores (as), indicados(as) por suas lideranças de base. A consolidação e estruturação se deu após atividades de capacitação envolvendo encontros, seminários e oficinas, com pautas específicas na área da comunicação, promovidas pelo Departamento de Comunicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e parceiros.
Processo de consolidação da Rede
A primeira oficina ocorreu no dia 1º de março de 2019 com o tema “Construção do Informativo do Anna Yakaré” ( nome na língua Macuxi), jornal mais antigo circulado pelo CIR. A oficina teve a participação de 12 comunicadores de seis etno regiões (Raposa, Serra da Lua, Tabaio, Baixo Cotingo, Serras e Murupu). A segunda etapa da oficina ocorreu no dia 2 de agosto de 2019, com a participação de 10 comunicadores indígenas da Serra da Lua, Murupu, Surumu, Tabaio, Baixo Cotingo e Amajari.
Para concretizar a existência da Rede, o departamento de comunicação realizou nos dias 28 a 30 de janeiro de 2020, na comunidade Pium (região Tabaio), o I Seminário Estadual de Comunicadores Indígenas de Roraima, com o tema:”Escrevendo as nossas próprias histórias”.
Ao longo dos anos, a Rede consolidou-se com 30 comunicadores das regiões Serra da Lua, Raposa, Surumu, Tabaio, Baixo Cotingo, Amajari e Murupu, indicados por suas lideranças de base. A partir do seminário estadual, os participantes saíram com a missão de retornar às suas regiões e de se apresentar às lideranças locais como comunicadores indígenas.
Momentos históricos
Outro passo histórico foi a apresentação dos comunicadores na 49ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, de 11 a 14 de março de 2020, no centro regional Lago Caracaranã, região Raposa, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com o tema: “Marchando a passos firmes: pela efetivação dos nossos Direitos Originários, Constitucionais, nos 112 tratados e nas Convenções Internacionais”. O grupo captou imagens, elaborou textos e vídeos e compartilhou em plataformas digitais( redes sociais) das etnoregiões que compõem a Rede Wakywaa.
O nome “ Rede Wakywaa”
Desde então, a Rede passou a atuar em contexto de pandemia de Covid-19. Isso reflete o lado das dificuldades enfrentadas para a realização do trabalho, ao mesmo tempo em que a necessidade da comunicação e da circulação das informações se tornaram ainda mais urgentes. A primeira reunião para alinhamento da atuação e escolha do nome ocorreu no dia 21 de julho de 2020 ( via plataforma digital). Importante destacar que, naquele primeiro momento, muitos dos comunicadores já tinham sofrido perdas de pessoas próximas em suas comunidades e regiões por conta da Covid-19. O outro encontro ocorreu no dia 21 de agosto de 2020, mas a escolha do nome só ocorreu no dia 25 de agosto de 2020, após as equipes serem divididas por regiões.
Os participantes apresentaram suas propostas nas línguas indígenas Macuxi e Wapichana, e escolheram por votação via aplicativo WhatsApp o nome “Wakywaa”, em língua Wapichana e que significa em português “Nossa Notícia”. A escolha também foi um reconhecimento histórico à primeira iniciativa de publicação impressa do CIR, sendo dessa vez designado na língua do segundo maior povo indígena de Roraima.
Formação
A Rede de comunicadores indígenas Wakywaa é formada por 35 comunicadores indígenas de sete regiões do Estado de Roraima. O princípio da Rede é ser uma frente de ativismo indígena, produzindo conteúdos para a defesa dos direitos dos povos indígenas por meio da comunicação.