O ano de 2025 iniciou com várias atividades nas comunidades indígenas e etnoregiões de Roraima. Desde o início de janeiro, as regiões realizam as Assembleias Regionais, para discutir as questões internas, avaliar os trabalhos de 2024 na área da saúde, educação e sustentabilidade, além de planejar as ações de 2025 e preparar a 54ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, a ser realizada pela primeira vez na região Serra da Lua, na comunidade indígena Malacacheta.
Para fortalecer a sua base política frente aos desafios da organização social das comunidades e do movimento indígena, a coordenação executiva e departamentos do Conselho Indígena de Roraima (CIR), participaram das Assembleias para apresentar as ações, informar sobre a conjuntura política a nível local e nacional, e reafirmar o compromisso de uma atuação pautada, principalmente, pela defesa dos direitos dos povos indígenas, fortalecimento da autonomia e sustentabilidade das comunidades indígenas.
Já foram realizadas nas regiões Alto Cauamé, Tabaio, Serras, Surumu, Raposa, Baixo Cotingo, Serra da Lua e a última, da região Wai-Wai. Outras regiões realizaram ano passado.
Na quarta-feira (29), a comitiva da coordenação Executiva e os departamentos, Jurídico, Comunicação, Juventude, Mulheres, Administração e o Fundo Rutî, participaram da Assembleia Ordinária do povo Wai-Wai, realizada na comunidade indígena Jatapuzinho, localizada na terra indígena Trombetas Mapuera, região Wai-Wai. Na segunda-feira (27), participaram da Assembleia Unificada da Região Serra da Lua, realizada na comunidade indígena Moskow.
As Assembleias reúnem as lideranças indígenas, Tuxauas, professores, agentes indígenas de saúde, jovens, mulheres, catequistas, artesãs e outras lideranças regionais que anualmente se encontram para a Assembleia.
TI Trombetas Mapuera – região Wai-Wai
Durante a participação na Assembleia da região Wai-Wai, representantes dos departamentos Jurídico, Comunicação, Mulheres, Juventude, Fundo Rutî e Coordenação Executiva, repassaram às lideranças indígenas Wai-Wai informes sobre a atuação, atividades e ouviram suas demandas referentes à proteção territorial, atendimento à saúde e educação, sustentabilidade e demais demandas locais.
A advogada indígena, Fernanda Félix, apresentou as ações do departamento Jurídico destacando as linhas de atuação como defesa do território e a governança territorial. Citou os programas de formação coordenados pelo departamento, como o Programa de Operadores Indígenas de Direitos, além do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos.
“Buscar garantir que as lideranças tenham autonomia de exercer a sua função como lideranças indígenas, além de fortalecer a defesa territorial”, destacou Fernanda.
Um dos setores estratégicos da organização é o departamento de comunicação que tem atuado com formação de comunicadores indígenas, visibilidade das ações da organização e das comunidades. Representando o departamento de comunicação, a jornalista Helena Leocádio, destacou a área como uma ferramenta de luta dos povos indígenas.
Lideranças na Assembleia da Região Wai wai
“Temos a nossa comunicação como ferramenta de luta, fortalecimento da autonomia, proteção territorial, além de mostrar a realidade das comunidades através dos nossos meios de comunicação, como as redes sociais, o site e até mesmo os comunidades que são nossa fonte direta com a base”, pontuou Leocádio, que já está há mais de um ano atuando como jornalista na organização.
O departamento de Mulheres, coordenado pela Tuxaua Geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, também apresentou suas ações e demais atendidas, além das principais bandeiras de lutas como o combate a violência contra as mulheres por meio da realizadaçõe de oficinas, seminários e outros eventos. Destacou a realização do I Encontro das Mulheres Indígenas Wai-Wai realizado ano passado na comunidade Jatapuzinho.
“Trabalhamos em uma linha de enfrentamento a violência contra as mulheres. E temos feito oficinas para debater essa pauta. Realizamos o I Encontro das Mulheres Wai-Wai, que foi uma demanda recebida na organização. O nosso papel é fortalecer as mulheres para ocupar os espaços e fazer história”, frisou a Tuxaua. “Para nós que lutamos tanto pelos direitos e pela vida, essa questão também merece a nossa atenção”, reaforçou a pauta da violência contra as mulheres.
O Tuxaua Geral do CIR, Edinho Batista, ao informar sobre as ações da organização, também destacou o papel importante da organização, o cenário atual do movimento indígena, os desafios frente aos projetos e leis que buscam retroceder os direitos indígenas. “É muito importante para todos nós, cada vez mais precisamos estreitar a nossa relação. Hoje evoluiu bastante, temos mulheres, juventude, o nosso povo é mais importante para nós. O CIR é uma das organizações antigas, desde 1971 e esse ano vamos realizar a 54ª Assembleia na região Serra da Lua”, comentou. “Uma das preocupações que temos hoje é a exploração da nossa riqueza. Hoje a gente pisa ainda em solo que não tem contaminação, povo que fala a sua língua”,
refletiu, frente às ameaças que atingem os territórios indígenas. “A gente precisa mais do que nunca precisamos fortalecer a nossa aliança política. Nós lideranças devemos ser exemplos para a nossa juventude”, concluiu.
A coordenadora do Fundo Indígena Rutî, Josimara Baré, também participou das assembleias informando sobre as ações realizadas para a consolidação do Fundo em Roraima e destacou que a iniciativa “vem para fortalecer as iniciativas já existentes nas comunidades indígenas”.
Malocão onde fora realizado a Assembleia Wai wai/ Equipe do CIR
Assembleia Unificada – Região Serra da Lua
A Assembleia Unificada da Região Serra da Lua ocorre desde o dia 27, na comunidade indígena Moskow, onde debatem saúde, educação, sustentabilidade e demais pautas da região. Durante a pauta do Conselho Indígena de Roraima (CIR), na segunda-feira, a coordenação executiva e departamentos, também informaram sobre suas ações e perspectivas do ano de 2025.
Durante a Assembleia, o Departamento de Gestão Territorial e Ambiental (DGTA), apresentou o grupo de Brigadistas Indígenas formado por nove mulheres indígenas da região Alto Cauamé. O coordenador de campo indígena, Artênio Lima, destacou que a atuação das brigadistas vai além de apagar incêndio, tem a função de orientar e levar informações sobre as queimadas e como evitar.
O coordenador do departamento jurídico, o advogado indígena Junior Nicacio, reforçou a importância de se utilizarem os regimentos internos e até criá-los, em comunidades indígenas que ainda não tem. A região da Serra da Lua já possui o Protocolo de Consulta que atende 25 comunidades indígenas e uma população de mais de 11 mil indígenas, a segunda maior população do Estado.
Lideranças na Assembleia da Região Serra da Lua
A Assembleia Regional, que encerra nesta sexta-feira (31), reúne lideranças tradicionais como Clóvis Ambrósio, 79 anos, um dos pioneiros na criação do movimento indígena em Roraima, especialmente, da criação da organização CIR. Durante a Assembleia, Ambrosio incentivou a continuidade da luta pela nova geração e o respeito aos valores culturais e tradicionais.
Como reconhecimento da atuação na organização, durante as Assembleias o tuxaua geral, Edinho Batista, e a tuxaua do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, ambos, encerram o mandato de quatro anos da última gestão, 2020 – 2024, receberam homenagens das lideranças indígenas, com cantos e danças tradicionais.