Viveiristas e brigadistas indígenas, estão em Boa Vista, participando de oficinas para receber capacitação e apoiar na implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas(PGTA) e no combate às queimadas e secas, que tendem a intensificar e afetar diretamente as comunidades indígenas no Estado.
Um dos objetivos da atividade chamada “Oficina de Viveiristas e Brigadistas Comunitarios Indígenas- para apoiar a implementação dos PGTAs” é informar sobre a estrutura e condições de atuação desses agentes nas comunidades indígenas, além de discutir e deliberar sobre o plano de queimadas de roça e trocar as experiências de ações nos territórios. Haverá oficinas temáticas sobre mudas de plantas e sementes nativas, medicina tradicional, florestamento e reflorestamento e também devem discutir sobre a cartilha de educação ambiental de combate às queimadas.
Na abertura, nesta sexta-feira( 27), o tuxaua geral do CIR, Edinho Batista, destacou o protagonismo desses agentes que atuam diretamente em ações de preservação ambiental, conservação da biodiversidade e na proteção dos territórios. Ressaltou a importância da oficina no enfrentamento às mudanças climáticas e garantir um futuro às próximas gerações a partir das ações que estão sendo realizadas nos territórios.
“É fundamental a realização desse encontro, porque com pouco recursos fazemos grandes ações. Importante que haja um planejamento estratégico sábio e eficiente capaz de combater o efeito das mudanças climáticas”, ressaltou, ao dizer também que “é preciso trabalhar a educação ambiental para que as pessoas saibam garantir um ambiente de qualidade para os nossos filhos”.
O encontro acontece em um momento trágico de queimadas e secas nos biomas brasileiros, um deles a Amazônia, sendo fortemente afetado. Um assunto que está no centro de debates mundiais de mudanças climáticas, como a Semana do Clima, que ocorre em Nova York, com a participação de lideranças indígenas da Amazônia e de autoridades mundiais, incluindo a coordenadora do DGTAMC do CIR e a co-presidente dos Caucus Indígenas na América Latina e Caribe sobre Mudanças Climáticas, Sineia Wapichana.
A tuxaua geral do Movimento de Mulheres Indígenas, Kelliane Wapichana, apresentou reflexões sobre o cuidado com o meio ambiente e os seus recursos naturais, as ameaças nos territórios e várias ações externas, principalmente mundiais que geram impactos diretamente nas comunidades indígenas.
“ Os brigadistas e viveiristas têm feito grandes trabalhos em prol da vida dos animais e de pessoas. Então valorize e eu pergunto, o que será de nós sem os animais? O que será de nós sem a floresta?”, refletiu a tuxaua, frente às preocupações com as mudanças climáticas.
A realidade das comunidades indígenas com o período de seca já preocupa as lideranças indígenas, conforme o relato do tuxaua da comunidade indígena Taxi, Creife Menandro, da região Surumu, município de Pacaraima.
“O igarapé do taxi já está seco, isso é preocupante para nós. Tínhamos uma roça comunitária, tinha uma ⅕ hectares de maniva e nos preocupa porque está secando. Já nos preocupamos com a fonte de água para consumo, tanto para nós quanto para os animais, gado, cavalo e outros animais, que já sentem essa seca”, relatou o tuxaua.
Um dos pontos principais de discussão no primeiro dia de atividade são os viveiros de mudas de plantas nativas, construídos em comunidades indígenas a partir da implementação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTA). Já foram construídos 11 viveiros em seis regiões, como Wai-Wai, Amajari, Surumu, São Marcos, Serra da Lua e Raposa.
As oficinas de viveiristas e brigadistas acontecem simultaneamente hoje e amanhã, 28, com grupos de trabalhos e discussões voltados para alinhar e planejar as ações.
Participam das atividades, brigadistas, viveiristas, e outras lideranças indígenas das regiões. A equipe do departamento Jurídico e da Executiva da organização também estão no evento.
A Oficina é promovida pelo departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC) do Conselho Indígena de Roraima (CIR), com o apoio da USAID, Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Operação Amazônia Nativa (OPAN), Instituto Terra Brasilies (ITB), assim como a Nia Tero, Fundo Casa, AICID e o Instituto Socioambiental (ISA).