CIR sugere ações mais eficazes no território Yanomami e repudia avanço do garimpo ilegal durante reunião de planejamento 2024 na Funai/RR

O Conselho Indígena de Roraima (CIR), organizações indígenas e lideranças regionais, participaram nos últimos dias de uma intensa agenda de debates e planejamento estratégicos 2024, na sede da Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em Boa Vista. A agenda contou com uma comitiva de Brasília, incluindo a presidenta do órgão, Joenia Wapichana.

Nesta terça -feira (06), com a presença das organizaões e representantes da Associação Wanaseduume, Hutukara Associação Yanomami (HAY), Urihi, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), a pauta tratou sobre a situação no território Yanomami, bem como as ações planejadas para 2024.

Atuando há mais de 50 em defesa dos povos indígenas de Roraima, o CIR reforçou a preocupação com a situação do aumento do garimpo ilegal no território Yanomami, a violência e outras injustiças, mas também sugeriu ações mais eficazes e permanentes. O coordenador geral do CIR, Edinho Batista e o assessor jurídico, Ivo Makuxi, fizeram sugestões e repudiaram os atos de violência, aumento do garimpo ilegal e outras consequências que vem acontecendo na terra indígena Yanomami, assim como prestaram apoio às ações do órgão indigenista.

Ivo Makuxi expressou apoio às ações da Funai, explicou os projetos desenvolvidos pela instituição nas suas etnoregiões que podem ser implementados no território Yanomami, como a formação de atores estratégicos e fundamentais para a gestão do território. Citou os operadores de direito, agente territorial ambiental indígena(ATAI) e comunicadores indígenas, atores que recebem capacitações e multiplicam no próprio território.

Ivo Makuxi – Ascom/CIR

“Nossa organização atua há 53 anos defendendo os povos indígenas, temos ajudado nossos parentes yanomami em diversas ações no enfrentamento à crise humanitária. Formamos atores importantes que têm nos ajudado no monitoramento e proteção dos nossos territórios, e podemos formar os parentes yanomami para atuar junto com seu povo”, ressaltou Macuxi.

O coordenador geral do CIR, Edinho batista repudiou a situação vivida pelo povo Yanomami frente ao garimpo ilegal e suas as consequências como a destruição do solo, poluição dos rios e a morte do povo. Há décadas sofrem com o problema que aumenta a cada dia, e pediu ações mais eficazes, coletivas e acima de tudo, que os Yanomami, Yekuana e outros povos, sejam consultados para colaborar nas estratégias que serão colocadas em práticas em 2024.

Edinho Batista – Ascom/CIR

“Essas ações precisam de fato serem feitas, e nossos parentes devem ser ouvidos e consultados, porque são eles que estão vulneráveis e sabem das necessidades e o perigo que enfrentam. E nós enquanto instituições devemos unir forças para apoiá-los”, reforçou o coordenador.

O vice- presidente da HAY, Dário Yanomami, destacou entre as prioridades a governança do território Yanomami, ressaltando a necessidade de proteção, fiscalização e fortalecimento das bases da Funai, Frente de proteção Etnoambiental (FPE), e Conselhos Regionais (CRs).

Júlio Ye´kwana, presidente da Associação Wanassedume Ye´kwana compartilhou as dificuldades do seu povo e também seu sonho. “Nosso sonho é limpar nosso território Yanomami, pelas nossas crianças, elas são inocentes, é triste vê-las tomando banho no rio contaminado. Estamos aqui construindo essa proposta e torcemos para dar certo, para salvar nosso povo”, reivindicou Ye´kwana.

A expectativa é que as propostas discutidas na reunião possam se concretizar e trazer resultados positivos para a preservação do povo Yanomami. Os líderes, Davi Kopenawa e Junior Hekurari , presidente da Urihi, novamente, reforçaram as providências.

A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, reforçou o compromisso de realizar ações coletivas em 2024. Dentre as propostas estão o fortalecimento do monitoramento dos povos isolados, expedições nos estados de Roraima e Amazonas, reforço das equipes da Funai nas bases, controle dos acessos pelos rios Uraricoera e Mucajaí, participação em operações do Ibama, Polícia Federal e Forças Armadas, além do monitoramento das ações na região com avaliação junto aos indígenas.

Participantes – Acom/CIR

“Reforço o compromisso da funai nas ações construídas em conjunto, e afirmo que teremos muito trabalho pela frente e não será fácil desenvolver as ações, mas, nada é impossível, nós junto com vocês vamos atuar na defesa e proteção do território Yanomami, levamos as demandas para sistematizar com cada secretária da instituição as atividades”, conclui a presidenta .

O plano de ação para 2024 inclui também medidas emergenciais como distribuição de cestas de alimentos para garantir segurança alimentar e a criação de uma rede de proteção social para crianças e adolescentes em situação vulnerável em Roraima. Além disso, destaca-se a importância das parcerias com instituições que atuam com o povo Yanomami, como o projeto de piscicultura em Ajarani. A ação contará com o apoio do Instituto Federal de Roraima (IFRR).

Participaram da reunião representantes das instituições indigenistas como o Instituto Socioambiental (ISA), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Diocese de Roraima, que reforçaram o apoio e as ações em defesa do povo Yanomami.