A reunião realizada na sede da coordenação regional em Boa vista (RR) contou com a participação do coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Batista, coordenadores regionais, tuxauas, Coordenadores do Grupo de Proteção Vigilância Territorial Indígena (GPVTI), lideranças do Baixo, Médio e Alto São Marcos, e membros da comitiva da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) de Roraima e Brasília. A presidenta do órgão, Joenia Wapichana, também participou da reunião. O encontro faz parte das atividades de planejamento institucional da Funai, que está em Roraima desde a semana passada em alinhamento com as lideranças indígenas do Estado. A pauta principal foi tratar sobre o monitoramento e proteção territorial das terras indígenas em Roraima, atuação que será feita em conjunto com as comunidades.
O coordenador Edinho pediu compromisso das lideranças em relação ao protocolo de consulta e o regimento interno, reforçou a importância do encontro, além do trabalho coletivo. “Esse é o momento para expor nossas demandas em relação a invasão ao nosso território, dizer que o trabalho de monitorar, proteger o território não é apenas do GPVTI, é um trabalho que deve ser feito no coletivo com a participação de todos seja moradores e instituições”, afirmou Batista.
O coordenador da região Serra da Lua, César Silva, tuxaua da comunidade Tabalascada, relatou a preocupação territorial como a Identificação dos limites da área da T.I, que perdeu terreno após o marco do programa terra legal, e também com a região, que tem 09 T.Is demarcadas em ilha, com cerca de 2 mil famílias e 12 mil pessoas na região. Conforme a liderança, Serra da Lua, fica na fronteira Brasil e Guiana, citou os casos de contrabando, tráfico de pessoas e invasão do território devido a cobiça do garimpo tem sido constantemente relatado pelos GPVTI que não possuem equipamentos suficientes para fazer o monitoramento.
“Nós fazemos a vigilância constante para proteger o nosso território, mas temos uma dificuldade, porque os nossos grupos de vigilância não estão equipados suficientes, essa iniciativa é importante para discutir a proteção das terras”, afirmou César.
A região do Baixo Cotingo, T.I Raposa Serra do Sol, também esteve presente na reunião, o coordenador Frankimar Ribeiro, do povo Macuxi trouxe as demandas da região que abrange 51 comunidades. Os problemas vão desde a entrada de garimpeiros, bebidas alcoólicas, vendas de terrenos em área indígena, retorno para as comunidades das pessoas que foram indenizadas depois da homologação, um dos pedidos é a ativação dos postos de fiscalização das bases que ficam na comunidade Placa e Raposa, e também um transporte para ajudar na logística do grupo de proteção.
“Essas são umas das preocupações que a gente tem, reforçando o nosso pedido para fortalecer a nossa estratégia, seria a reativação dos postos de fiscalização que seria na Placa e na Raposa, para dar suporte às atividades de proteção do território”, explicou o coordenador.
A reunião foi acompanhada por Ivo Cípio, assessor jurídico do CIR, que destacou a importância de ouvir as demandas das regiões que compõem a área leste de Roraima, que vêm sofrendo com a invasão dos seus territórios. “Estamos nesse diálogo com a Funai nacional e regional, para possamos avançar e criar mecanismo e política de proteção e monitoramento das terras indígenas, dessas áreas aqui em Roraima “, finalizou Ivo.
Além disso, foram discutidos o garimpo ilegal na terra indígena a Boqueirão, os impactos do uso do agrotóxico na soja, que tem atingido comunidades próximas a áreas que cultiva o grão, como na comunidade indígena Morcego que ganhou processo justiça, entrada de bebidas alcoólica nas comunidades, demarcação das terras indígenas Anzol e Arapuá, crime ambiental, citando como exemplo o lixão de Pacaraima, cujo processo foi encaminhado à justiça federal, entre outras demandas.
As demandas das regiões foram ouvidas pela Presidenta da Funai Joenia Wapichana, que enfatizou sobre a vinda da equipe a Roraima para ouvir as lideranças indígenas. “A equipe do colegiado da Funai está aqui para ouvir vocês, sobretudo no que diz respeito a monitoramento e proteção territorial. Cada um aqui tem um papel de fortalecimento nessas ações “, exclamou a presidenta.
A coordenadora Regional da Funai, Marizete Macuxi, coletou as demandas dos participantes e ressaltou a importância do encontro. “Nós estivemos reunidos com os coordenadores regionais e algumas organizações para fazermos alinhamento e planejamento em relação da questão de proteção das terras indígenas, está sendo importante porque está participando toda comitiva da Funai nacional e regional que atua nessa área, então nós vamos sistematizar as informações, fazer um relatório para realizar as estratégias nas terras indígenas”, concluiu Marizete.