Em Assembleia Extraordinária, lideranças da região Alto Cauamé debateram território, saúde e educação

 

As comunidades indígenas da região Alto Cauamé realizaram a Assembleia Extraordinária de Alinhamento e União para fortalecer as ações da região e a organização social das comunidades. A Assembleia ocorreu hoje (20), na comunidade indígena Sucuba, Alto Cauamé, município de Alto Alegre.

Tuxauas, mulheres, jovens e crianças das quatro comunidades da região, Raimundão I e II, Sucuba e Arapuá, debateram na assembleia pautas importantes, como saúde, educação e território.

As comunidades do Alto Cauamé, estão cercadas pela produção de monocultura, e a preocupação é com os agrotóxicos (veneno usado para combater pragas) que estão invadindo o solo e os igarapés  da região, como explicou o vice tuxaua da comunidade Raimundão II, Leandro Guilherme.

Nossas comunidades estão rodeadas de soja, até quem mora no município de  Alto Alegre, já está sentindo o reflexo da poluição do agrotóxicos despejados pelo ar por aviões, a água dos nossos rios e igarapés no futuro não  poderão ser usados pelas nossas crianças”, denunciou a liderança.

 

imagens: Ascom/Cir

Os tuxauas  e vice tuxauas, falaram sobre os projetos do Conselho Indígena de Roraima(CIR) e da secretaria estadual dos Povos Indígenas desenvolvidos em suas comunidades. A vice – tuxaua, Geane Pereira, compartilhou a experiência que viveu durante o I Seminário de Etnoturismo, que ocorreu no Lago Caracaranã.

“ Nossa área é pequena 600 hectares, tínhamos o projeto de pimenta que as galinhas comeram, e compartilhei isso no seminário. Quero dizer que foi muito bom esse aprendizado com troca de conhecimentos”, afirmou Geane .

O coordenadores  Edinho Batista, Kelliane Wapichana e o assessor jurídico Ivo Makuxi, levaram informações sobre a atuação do CIR e as ações dos seus departamentos.

Edinho Batista, ressaltou a união na luta pela causa indígena,  e informou a estratégia que será montada para enfrentar as mudanças climáticas. Também informou sobre a segunda reunião ampliada deliberativa que vai acontecer em dezembro na comunidade Arapuá, a festa de comemoração contra o marco temporal, a participação do CIR  na COP 28,  representado pela gestora ambiental Sineia do Vale, a coordenadora da Juventude, Raquel Wapichana, e Charlane Almeida do departamento de administração e finanças da instituição.

O coordenador também comentou sobre a assembleia da juventude e reforçou a participação dos jovens nesse espaço de  formação política.

” Os jovens são o presente, e esses eventos são fundamentais para a preparação da juventude. É  preciso formar jovens lideranças, para que no futuro assumam a responsabilidade de cuidar da comunidade e lutar pela causa indígena “, disse o coordenador.

O assessor jurídico Ivo Macuxi, explicou  sobre o direito de consulta aos povos indígenas, e informou sobre a decisão do MPF, no processo  de conciliação na 1ª Vara da Justiça Federal para dar início à demarcação da terra indígena Arapuá, onde os estudos devem iniciar até o meio do ano que vem. O assessor alertou ainda sobre os projetos que o governo vem desenvolvendo nas comunidades indígenas para fazer politicagem.

Da forma que eles usam o nosso direito às políticas públicas, para fazer politicagem, nos  primeiros anos de governo nós recebemos muito assédio, e foi denunciado pelos moradores da Serrinha. Os documentos chegavam à comunidade prontos, sem consulta aos moradores as lideranças se sentiram lesados porque não participaram da discussão,nós temos nossas ideias e demandas ”, lembrou Ivo.

A secretária geral do Movimento de mulheres, Kelliane Wapichana trouxe fortalecimento às mulheres da região,  falou dos projetos voltados as mulheres de auto estima,  direito da mulher, e violência sexual contra crianças e adolescentes. Kelliane apresentou a luta histórica do Centro de Formação, uma escola de autonomia dos povos indígenas, que precisa de reestruturação e professores.

A secretária afirmou que uma região deve fortalecer a outra, e lembrou que a região Alto Cauamé foi referência para as demais pela produção no território.

 Essa região já foi e é referência de muitas lutas, é muito nova,mas, foi através dela que teve as feiras que estimulou outras regiões, e que levou a maior produção de farinha para uma assembleia estadual do conselho indígena de Roraima ,então acredite nesse potencial lideranças”, finalizou a secretária.

 Arapuá é uma comunidade pequena e tem lutado pela conquista do território, há mais de trinta anos, e possui 14 pais de famílias.