Mobilização histórica contra o Marco Temporal reafirmou a força do movimento indígena de Roraima

Em mobilização histórica, povos indígenas de Roraima celebraram os quatro votos contra o Marco Temporal, e seguem atentos para a retomada da votação no Supremo Tribunal Federal (STF) marcada para o dia 20 de setembro.  Por quatro votos contra o Marco Temporal e dois a favor, a expectativa na votação do dia 20 de setembro no STF é pela derrubada total da tese ruralista.

Em Roraima, cerca de quatro mil indígenas acompanharam a retomada da votação contra o Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF). Foram dois dias tensos, a votação na suprema corte tratou dos direitos dos povos originários, que tentam a todo custo violar, com a tese do chamado Marco Temporal.

A praça Ovelário Tames Macuxi, centro de Boa Vista, reuniu povos indígenas da maloca grande (cidade), lavrado, serra, florestas e apoiadores da causa indígena. O ato contou com defumação, danças tradicionais e gritos de resistência entoados por jovens, mulheres, homens e lideranças tradicionais.

A maior mobilização indígena no Brasil, foi para chamar atenção dos STF, sobre a defesa aos direitos e a vida dos povos originários. Enock Taurepang, vice coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), afirmou que a manifestação é para pedir respeito à vida, território e a  história dos povos indígenas, “Querem colocar um Marco temporal, pra nós, não existe, o que existe é a nossa casa foi invadida e desrespeitada, e hoje querem continuar com esse projeto genocida”, concluiu Enock.

 

Povos indígenas de Roraima na mobilização contra o marco temporal. Fotos: ASCOM/ CIR 

A votação foi acompanhada em Boa Vista, e Brasília, por uma comitiva de lideranças formada pelo coordenador do CIR, Edinho Batista, tuxaua Lázaro Wapichana, Ernestina Macuxi, jornalista Mayra Wapichana e a assessora jurídica Fernanda Wapichana. Os votos contra o Marco Temporal, eram comemorados como se estivesse ocorrendo uma partida de futebol, mas, ao invés do título, estava em jogo a vida dos povos indígenas de todo Brasil.  Ponto auge durante a votação, foi a colocação do ministro Gilmar Mendes que disse, ” índios” da Raposa Serra do Sol, estão no lixão da cidade e o território tem 10 milhões de hectares, a fala foi repudiada pelas lideranças.

Ernestina Macuxi, disse que a fala do ministro é mentirosa e cheia de preconceito, “Somos trinta mil indígenas na Raposa Serra do Sol, quero repudiar e convidar o ministro para conhecer nossa realidade, estamos aqui a semana toda e o ministro não nos recebeu”, repudiou a liderança. Em Boa Vista, a fala do ministro causou revolta e também foi repudiada pelas lideranças.

.Em mobilização histórica, povos indígenas de Roraima celebraram os quatro votos contra o Marco Temporal. fOTOS: ascom/CIR.

A votação no STF, retomada no último 30 de agosto, ficou por quatro votos contra o Marco Temporal e dois a favor. Votaram contra os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Roberto Barroso, já os ministros que votaram a favor da tese ruralista foram Nunes Marques e André Mendonça.

A votação sobre o Marco Temporal no STF, será retomada no dia 20 de setembro. Faltam cinco ministros a votar: Rosa Weber, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Luiz Fux.

Com a retomada do julgamento marcado para 20 de setembro, o movimento indígena de Roraima convoca todas as regiões para a próxima mobilização em favor do território e das vidas dos povos originários.