Lideranças indígenas das regiões Serras e Surumu, na terra indígena Raposa Serra do Sol, se reuniram no período de 21 a 24, em Assembleia Extraordinária para discutir questões regionais como projeto de gado, energia, saúde, educação, sustentabilidade e demais questões internas das comunidades indígenas.
No final de semana, 24 a 25, o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Batista, participou da assembleia das Serras, realizada na comunidade Maturuca e região Surumu, na comunidade Barro.
Uma das questões discutidas na região das Serras é a situação da energia elétrica, se aderem ou não, ao sistema proposto via emenda parlamentar de ex-senador. Também as lideranças definiram priorizar e buscar implementação da energia renovável.
O Coordenador Edinho relembrou a importância do reconhecimento das conquistas das lideranças tradicionais.
“Para termos espaço na presidência da FUNAI e estarmos presentes com um ministério e no DSEI, foram espaço conquistados com muita batalha. Não foi porque o governo quis nos dar, é o reconhecimento de lutas que muitos sofreram para conquistar. Estamos atualmente colhendo os frutos. E hoje temos este poder de voz, não são os brancos que vão falar o que temos que ter, temos poder de voz,” relembrou.
O coordenador ainda pontuou a mobilização nacional contra o marco temporal que foi bancada pelas próprias regiões através da doação principalmente de carne e mantimentos. “Todos estão de parabéns,” parabenizou o movimento que reuniu mais de 4 mil indígenas em Boa Vista.
Amarildo Macuxi, destacou que a Assembleia extraordinária cumpre com o compromisso de valorizar os projetos da T.I Raposa Serra do Sol, como o projeto de gado.
“É um projeto que engrandece muito nossas atividades, como as manifestações, ocupando espaço, auxiliou na luta pelo nosso espaço, território. Estamos montando nosso regimento para fortalecer os rebanhos do projeto de gado M Cruz, que faz parte da sustentabilidade da nossa região,” frisou o coordenador da região Serras.
A Assembleia contou com a presença das instituições, Funai, Instituto Socioambiental (ISA), Prefeitura de Uiramutã e Dsei-Leste/RR. Houve a presença de mais de 100 lideranças indígenas.
Assembleia extraordinária Região Surumú
Na Comunidade indígena do Barro, as discussões iniciaram no dia 24 e vão até o dia 28. As lideranças discutem a educação indígena, proteção territorial e planejamento das atividades.
Mais de 300 lideranças da região Surumu participam da Assembleia.
(Atualização)
Em assembleia extraordinária na região Surumu, lideranças reforçam denúncia dos impactos do lixão no município de Pacaraima e demais questões territoriais
Lideranças indígenas da região Surumu, na terra indígena Raposa Serra do Sol, reforçaram a questão dos impactos ambientais causados pelo lixão no município de Pacaraima, uma denúncia antiga, durante a assembleia extraordinária que ocorre no Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, desde do dia 24 e encerra hoje, 28, reunindo mais de 300 lideranças.
O “lixão de Pacaraima”, como é conhecido, fica na cabeceira do Rio Surumu, Comunidade Ouro Preto, e tem causado prejuízos ao meio ambiente e aos moradores da região, como reforçou Daniel Sampaio, liderança regional.
“Esse lixão afeta diretamente a nascente do rio, onde várias comunidades dependem dele. Os animais também são prejudicados pela poluição do rio, então isso, é uma discussão preocupante para as comunidades, lideranças e as pessoas que moram na região Surumu”, reforçou Sampaio, ao dizer também que as autoridades já foram acionadas para as devidas providências.
Além da questão do lixão, assuntos sobre empreendimentos e plantação de grãos, eletrificação rural nas comunidades sem consulta prévia das comunidades foram abordados pela assembleia.
A educação também foi pautada com a preocupação em torno da estrutura das escolas indígenas, concurso público para professores, seletivo e execução da emenda parlamentar da ex-deputada federal Joenia Wapichana. Até o momento, o governo do Estado ainda não começou as obras de reformas e ampliação de escolas, conforme verba destinada no valor de 44 milhões.
No início do mês, 5 a 9, foi realizada a maior mobilização indígena do estado de Roraima, cuja principal pauta foi contra a aprovação da tese marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), além do projeto de lei 490/2007, aprovado na Câmara e que agora no Senado com o 2903/2023, que também instala a tese.
Esse assunto foi explicado pelo advogado e coordenador do departamento Jurídico do CIR, Júnior Nicácio. Na ocasião foi iniciada a articulação para a acompanhar a votação no Supremo Tribunal Federal (STF), prevista para setembro.
A assembleia teve a participação de instituições e organizações, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Universidade Federal de Roraima (UFRR), Organização dos Professores Indígenas de Roraima(Opirr) e outros.