I Seminário distrital aprova resoluções para a melhoria da saúde indígena e conselheiros manifestam contra o marco temporal

Como primeira atividade da nova coordenação do Distrito Especial Indígena do Leste de Roraima (Dsei-Leste/RR), foi realizado durante essa semana, 23 a 26, o I Seminário Distrital de Saúde Indígena e a 104ª Reunião Ordinária do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi). O seminário teve como tema “ Transparência, Controle Social e Gestão Compartilhada”.

No Centro Comunitário Constantino Viana, na comunidade indígena Malacacheta, região da Serra da Lua, conselheiros distritais e lideranças de onze regiões, profissionais de saúde indígena e gestores do Dsei-Leste, durante os quatro dias debateram três eixos temáticos que motivaram o seminário: transparência na gestão dos recursos financeiros e na formulação de políticas públicas; o fortalecimento do controle social diante da oportunidade estratégica ante ao novo governo; e gestão compartilhada.

Nesse último dia, conselheiros aprovaram importantes resoluções para a melhoria da saúde indígena, como priorização dos cursos aos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e de Saneamento Básico ( AISAN), contratação de mais profissionais indígenas de saúde, garantia de recurso para construção de Centros de Medicina Tradicional Indígena, transformação da Casai em Unidade de Média Complexidade, e demais resoluções.

  

 

Para levar informações sobre a conjuntura do movimento indígena brasileiro e os últimos acontecimentos no Congresso Nacional, o coordenador geral do CIR, Edinho Batista, considerou um momento de afirmação do protagonismo indígena, uma vez que o comando da gestão está nas mãos de um coordenador indígena. “ Esse é o momento do protagonismo indígena e atuação pelo bem da nossa saúde. Esse é um grande momento de fortalecimento da saúde indígena”, considerou.

Na ocasião, o coordenador reforçou a mobilização contra o marco temporal, que estará em julgamento no dia 7 de junho, no Supremo Tribunal Federal (STF). Aproveitou para convidar as lideranças para o ato que começará no dia 5, em Boa Vista e em Brasília.

 

Avaliando o evento, o primeiro coordenador indígena do Dsei-Leste, Zelandes Alberto Oliveira, do povo Patamona, destacou que o seminário teve um resultado qualificado e com propostas coerentes que guiarão a sua gestão nos próximos anos. “ O resultado desse seminário vai nos guiar e direcionar, de como vamos seguir essa caminhada. Então, precisávamos muito desse retorno de vocês, para que possamos conduzir da melhor forma possível essa gestão”, avaliou Zelandes.

 

Pioneiro na construção e conquista da saúde indígena em Roraima e no Brasil, o líder Clóvis Ambrósio, do povo Wapichana, cuja trajetória de mais de 50 anos de movimento indígena, sendo uns 40, somente na saúde indígena, também avaliou o evento como um momento de conquista e de fortalecimento da saúde indígena, principalmente pela atual coordenação. “ É um momento de fortalecimento da nossa saúde indígena que, mesmo com todo sofrimento que passamos, mas hoje temos a saúde e por isso devemos continuar lutando pelo bem da nossa população indígena, principalmente com o nosso coordenador indígena”, considerou.

O seminário encerrou com o ato contra o marco temporal e a Urgência do Projeto de Lei no 490/2007, aprovado no plenário da Câmara, nesta quarta-feira, 24.