Povos indígenas de Roraima manifestam contra o marco temporal em frente ao palácio do Governo

Os povos indígenas de Roraima reunidos na praça central de Boa Vista realizam desde ontem (24), a 4ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), seguindo a mobilização nacional que ocorre em Brasília. Esse ano, o ATL tem como tema “o futuro indígena é hoje – sem demarcação não há democracia”.

O ATL é a maior mobilização indígena do Brasil. Um espaço de reivindicação de direitos constitucionais e fortalecimento da luta e resistência dos povos indígenas.

Nesta terça-feira, 25, o movimento encerrou o segundo dia, com ato em frente ao Palácio do Governo com manifestações contra o Marco Temporal e pedido de respeito aos povos indígenas.

Também foi realizada a plenária com o tema “Territórios Indígenas – Não ao Marco Temporal e Sim aos Direitos Originários”, com apresentação da situação territorial, principalmente as pendências na demarcação das terras indígenas, com o é o caso das terras indígenas Anzol, Lago da Praia, Arapuá e Pirititi, além das retomadas dos territórios indígenas Pium, na região do Tabaio e Manoá-Pium, na Serra da Lua.

“Estamos lutando pelo nosso pedaço de terra que nós temos, vivemos e existimos por ela. Vamos continuar lutar por ela (terra)”, disse uma liderança jovem.

Primeiro dia

A abertura ocorreu com a defumação de maruai, cantos e danças tradicionais, no Memorial Ovelário Tames, monumento que presta homenagem ao indígena morto pela polícia aos 17 anos, em 1988. O memorial foi a recomendação da Organização dos Estado Americanos (OEA) para o Estado brasileiro, que construiu o memorial através da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

A coordenadora da juventude Estadual, Raquel Wapichana e o jovem da região Baixo Cotingo, Joterdan de Lima, do povo Macuxi, fizeram a leitura da Carta do ATL apontando reivindicações do movimento indígena.

Na Plenária “o futuro indígena é hoje, sem demarcação não há democracia”, lideranças mostraram as suas indignações contra as invasões nos territórios. O coordenador da região Serra da Lua, Clóvis Ambrósio do povo wapixana, relembrou brevemente das grandes conquistas, mas também as insistências das invasões, principalmente dos territórios demarcadas em ilhas e que precisam de revisão.

“Tivemos muitos avanços e conquistas. Lembro quando as terras não eram demarcadas. Nós tivemos muita coragem para lutar por isso. Mas queremos e exigimos a demarcação das nossas terras em área contínua, porque somos povos originários, e sei que ainda tem muita terra pra ser demarcada”, cobrou a liderança tradicional.

Ludernilda Macuxi, liderança da terra indígena Raposa Serra do Sol, reforçou o pedido das terras demarcadas em ilhas. “Somos povos originários dessa terra. Somos fiscalizadores da nossa terra. Peço em nome dos povos indígenas que os parlamentares revejam as terras demarcadas em ilhas”.

O Coordenador Alexandro wapixana, relembrou que anos lutam pela demarcação das comunidades indígenas Anzol e Lago da Praia das apelou pela demarcação das Tis. “A comunidade Anzol e Lago da Praia, que pertence a região Murupu, luta pela demarcação, há anos. Esperamos que o ATL, nos traga coisas positivas, e que acabe com o marco temporal”.

O movimento encerrou o dia com o ato em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE/RR).