CIR em parceria com o UNICEF realiza seminário sobre a medicina tradicional

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) em parceria com o Fundo da Nações Unidas para Infância (UNICEF) e financiado pela Proteção Civil e Ajuda Humanitária União Europeia, organizou nos dias 13 e 14 de setembro o Seminário sobre Saberes e Conhecimentos Tradicionais da medicina tradicional indígena, no Centro Estadual de Formação dos Profissionais da Educação de Roraima (CEFORR) em Boa Vista.

O objetivo é fortalecer os Saberes e conhecimentos da medicina tradicional indígena, além de mostrar o potencial que os remédios caseiros têm para a cura e recuperação de várias doenças, e principalmente como as comunidades usaram a medicina tradicional para a cura e recuperação do Covid_19, quando não havia a medicina farmacêutico.

A secretária do Movimento de Mulheres Indígenas, Maria Betânia, do povo Macuxi, considerou o momento de fortalecimento e importante da medicina tradicional entre as regiões. “O seminário que foi organizado, preparado para eles. Agradecer as regiões com seus participantes que puderam chegar até o seminário. A própria produção da medicina tradicional fortemente nas bases, e a gente não pode jamais esquecer, porque faz parte da nossa cultura, dos nossos valores. Vi muita produção e parabenizo a quem chegou até no seminário com as suas produções”.

Durante os dois dias, os debates foram sobre: a Troca de Saberes e Conhecimentos da Medicina Tradicional, com as coordenadoras regionais e os Agente Indígena de Saúde (AIS) das regiões. Os Grupo de trabalho realizaram debates referente os seguintes temas: Importância da valorização da medicina tradicional indígena e a perspectiva para o futuro, desafios enfrentados na pandemia e a produção da medicina no enfrentamento do COVID-19. Importância da tradução da Cartilha para a língua materna Makuxi e Wapichana, com as intérpretes Joice Wapichana e Tereza Pereira Macuxi.

Keila Wapichana é da Região Murupu, é a atual coordenadora da medicina tradicional. Lembrou dos usos das Ervas na pandemia para salvar vidas, e que no mês de agosto a região realizou a oficina de medicina tradicional com apoio do CIR. “As nossas ervas na pandemia passaram a ser utilizadas constantemente para salvar vidas das nossas comunidades. A demanda tem sido grande na procura de medicamentos tradicionais, na própria comunidade e região. Tem os não indígenas procurando os medicamentos. Os medicamentos tradicionais são distribuídos nos postos de saúde. Temos uma horta e casa da medicina tradicional na Região Serra da Moça, o nosso trabalho tem sido feito em conjunto com nossos tuxauas e a equipe de saúde”, explicou Keila.

Ivan Tucano veio para contribuir com a sua experiência no Centro de Medicina Tradicional Amazonas. Disse que o Centro atende 8.7000 pessoas com a medicina tradicional. E isso é de grande valia para os povos indígenas. Para os não indígenas é uma alternativa de cura.

“Nós indígenas somos grandes especialistas e pesquisadores, agora estamos enfrentando a COVID – 19 e ninguém sabe o que virá mais adiante. Nós mostramos para o mundo que temos a nossa medicina, é válida quanto toda e qualquer outra medicina, temos que mostrar para essa sociedade que o nosso conhecimento é valido e valorizamos todos os nossos conhecimentos tradicionais. As nossas práticas de manipular as plantas ficaram adormecidas e agora nós retomamos de novo para esse novo desafio, que a partir dessas oficinas vamos produzir livros e vídeos e mostrar para o mundo que os nossos conhecimentos continuam vivas”.

A programação contou com mais 80 participantes. Teve a demonstração da produção de pomadas e xaropes. E em seguida teve a apresentação das produções. Ao final da programação, os participantes das regiões Surumú, Serras, Raposa, Murupú, Amajarí, Serra da Lua, Tabaio, Baixo Cotingo, Alto Cauamé, Wai-Wai, dos povos: Wapichana, macuxi, Warao e Wai Wai e São Marcos receberam certificados.  Também foram escolhidos dois coordenadores para fazer um intercambio no Centro de Medicina Tradicional Amazonas