CIR realiza Seminário sobre Direitos das mulheres, violência e autoestima

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) realizou nos dias 5 e 6 de julho no Centro de Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), na comunidade do Barro, Região Surumú, o Seminário Regional sobre Direitos das Mulheres, Violência e Autoestima. O evento teve com tema: “A sua Voz faz toda diferença, diga Não a violência contra mulher”.

O encontro contou com a participação de 100 lideranças indígenas, em sua maioria mulheres, das comunidades Barro, Taxi I, Taxi II, Machado, Canta Galo, Kumanã, Maravilha, Maloquinha, Limão e Beira Rio.

A psicóloga do CIR, Iterniza Pereira, ministrou o Seminário e contou com o auxílio de Vanessa Fernandes, Equipe Emergencial e Geneide Souza, coordenadora técnica de medicina tradicional. Além das coordenadoras de mulheres indígenas locais.

O debate do seminário contou com a identificação dos tipos de violência contra a mulher, direitos, causas e precauções. Além de canais de denúncia e esclarecimentos sobre as consequências da violência doméstica, principalmente contra a mulher, como depressão e suicídio nos casos graves.

Com fala aberta, as mulheres estiveram à vontade para realizar perguntas. Algumas delas se sentiram mais confortáveis para falar o que acontece em seus lares. “É melhor sozinha que mal acompanhada. Mas quando estou com minhas companheiras estou protegida”. Disse uma das mulheres indígenas, que relatou haver agressão no seu círculo familiar.

A liderança tradicional, Pajé Mariana, da Comunidade do Barro também marcou presença no evento e relatou. “Em minha comunidade tem mulheres que sofrem violência, mas não estão aqui. E muitos (homens) estão bebendo e trazendo problemas, eu vejo isso dentro da T.I Raposa Serra do Sol. O que fazer com quem agride?”. Comentou a pajé.

Muitas lideranças ainda têm dúvidas ou receio de denunciar a polícia ou a órgãos responsáveis, os atos de violência doméstica. No entanto quando necessário recorrem as regras comunitárias em caso de agressão,principalmente contra mulheres e crianças.

Durante o seminário, foi promovido também atividades didáticas, em que todos escreveram ou a quem se sentisse a vontade que fizesse uma pergunta de forma anônima. Houveram relatos de violência doméstica e questionamentos de quando denunciar ou como agir em ambientes onde isto (violência) ocorre com frequência.

Também foram explicados os parágrafos da Lei Maria da Penha, desde sua criação ao motivo de uma lei específica para proteção da mulher.

Iterniza Pereira é Psicóloga Macuxi do CIR e atua nas comunidades indígenas desde 2020. Ela já atendeu casos de depressão, violência psicológica, doméstica, abuso sexual e estupro de pessoas vulneráveis. E em atividades frequentes traz esclarecimentos diante de algumas discussões que em sua maioria são tabus dentro das comunidades indígenas.

“Como um meio de fazer a prevenção, tenho escutado as necessidades e dificuldades das mulheres e tenho informado a respeito da violência, para que nas comunidades indígenas principalmente as mulheres, criem as suas estratégias de combater a violência”, enfatizou a psicóloga.

Como ato complementar também foi aberto espaço para que as lideranças discutissem os melhores locais e datas para novas palestras.  Além de temas que possam contribuir. O seminário é uma realização do CIR, com o apoio da NIATERO.