2a Assembleia Geral Da Saúde Indígena relembra a jornada por uma saúde diferenciada

Realizada na Comunidade Barro, Região Surumu com o Tema: “fortalecer a autonomia da saúde Indígena para o atendimento de qualidade”, de  02 a 05 de Maio, teve a  organização do Movimento Indígena de Roraima, com a participação de mais de 700 lideranças indígenas, entre Tuxauas, Coordenadores dos Centros e Regionais, Professores, Gestores de Escolas Municipais, Estaduais, Diretores de Centros regionais, GPVTI, ATAIS, Pré-Fogo, Operadores de Diretos Indígenas, Catequistas, Pajés e Organizações indígenas, entre outros. 

As Lideranças vieram das Regiões Serra da Lua, regiões da T.I Raposa Serra do Sol: Surumu, Raposa, Baixo contigo, Serras, além das Regiões São Marcos e Amajari.

Representando o Conselho Indígena de Roraima estiveram Edinho Batista Condenador geral do CIR que também é conselheiro distrital de saúde distrito leste, Maria Betânia secretaria de mulheres indíegenas, Iterniza Pereira Macuxi Psicóloga, Vanessa Fernandes Gestora em Saúde coletiva ambas são Conselheiras Estaduais de Saúde representando o CIR, Keliane Wapichana Gestora Territorial e Ivo Cipio Assessor Jurídico.

 

 

 

Após dois anos afastados por conta da pandemia as discussões em torno de melhorias na saúde, os problemas enfrentados com a precariedade de recursos, as lideranças também formataram uma carta de indignação  contra a SESAI, que segundo elas tem tido dificuldades e uma constante troca interna e externa de funcionários que dificulta o atendimento básico aos povos indígenas.

 Ivo Cipio Assessor Jurídico do CIR, esteve esclarecendo sobre a Lei Arouca.

(Lei nº 9.836, de 23 de setembro de 1999. Sancionada em setembro do mesmo ano e de autoria do então deputado federal Sérgio Arouca, marco regulatório da atenção à vida das populações indígenas do Brasil.)

Todos procuraram esclarecimentos com o assessor, além de formularem junto a ele reivindicações a saúde dos povos indígenas.

Outro destaque foi a homenagem dos profissionais de saúde as lideranças tradicionais Clovis Ambrósio e Jacir Souza.

O Senhor Clóvis Ambrósio atualmente é coordenador da região Serra da Lua, é uma das referências em saúde indígena tendo já coordenado o Condisi, e junto  a Jacir deram inicio ao movimento indígena de Roraima, com as bases na educação, saúde e território.

Segundo o coordenador da Região Serras Aldenir Cadete, do povo Wapichana, que também é liderança do Movimento Indígena de Roraima, destacou;

“Foram dados os informes gerais das coordenações de saúde de todas regiões, informes dos condisi, Dsei – leste, da coordenação geral do Dsei, e a participação dos secretários municipais de saúde, de Uiramutã e Pacaraima, mas ressaltamos que todos foram convidados, para justamente falar sobre a atuação e a situação da saúde dos povos indígenas, nos informes foram relatados a situação precária dos atendimentos, de baixa, média e de alta complexidade.

No ultimo dia (05) será feita a leitura da carta final da Assembleia, a aprovação de propostas, e uma carta compromisso com os Coordenadores do DESEIs Leste e Yanomami, prefeitos municipais de Roraima e o Governo de Roraima e assinem para que de fato eles possam cumprir com o seu papel, dever e responsabilidade.’ afirmou a liderança. Segundo Aldenir a ultima assembleia foi em 2019 e nos últimos anos não vinha sendo realizada devido a pandemia da COVID -19.

Entre os problemas enfrentados pelas lideranças no atendimento a saúde estão, a falta de tradutores para parentes fluentes somente na língua  tradicional, remoção demorada, carros em péssimo estado, e constate embate entre pessoas que são convocadas para atuar em areas indígenas, mas recorrem com pedidos para atuar nas cidades.

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Lideranças Jacir  Souza e Clóvis Ambrósio

 

Outro fato importante a ressaltar na Assembleia, a valorização da Medicina tradicional durante a pandemia, e seu breve período pós, muitos afirmam que devido a falta de medicamento eficaz e ou a falta de outros nos postos de saúde, a medicina tradicional não só os curou mas como a seus familiares.

Pajé Mariana, Liderança local da Região Surumu, e curandeira, em um momento de fala expressou: “Gostaria que vocês sentissem, só de tocar, ou de estar presente, curar as pessoas busquem aprender e acreditem.”

Mais uma liderança afirmou:

“Fui curado também com a medicina tradicional, quando fui removido para a cidade não fui atendido. Eles não conhecem nossa realidade, não vivem bem com nós nem entre nós. Fui curado pela medicina tradicional.” Jesoaldo Cabral do povo Macuxi.