Valorização do Artesanato Tradicional: Encontro reúne artesãos indígenas na região de Amajarí

Secretaria Geral do Movimento das Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e as Lideranças da região de Amajari, realizou nos dias 22 a 24 de março no espaço do Projeto Sementes das Artes, na comunidade Mangueira, terra indígena Araça, Região Amajari, o primeiro Encontro regional de Artesãos com intuito de alcançar, mulheres, jovens e lideranças tradicionais que buscam valorizar e fortalecer o artesanato indígena.

 

Professor Elton em ritual do Maruai

O encontro ocorreu durante três dias, e reuniu artesãs dos povos Taurepang, Macuxi, Wapichana e Warao. As oficinas foram ministradas por Terêncio Malaquias, do Povo Macuxi, mestre em artesanato com panelas de Barro/ Cerâmica, Makdones Santos, artista e artesão Wapichana, Marisela Borjas e Celina Augustin do Povo Warao, artesãs da fibra de Buriti.

Participaram mais 50 pessoas, onde oficinas confeccionou biojoias, panelas de Barro (cerâmica), e artesanato com fibras de buriti, além de apresentações, cantos culturais e ritual com a defumação do maruai.

Maria Betânia Macuxi, Secretária Geral do Movimento de Mulheres Indígenas do CIR, parabenizou as pessoas presentes e destacou a importância da realização do encontro.

“Nós precisamos multiplicar cada vez mais, e sem a presença de todos não teríamos essa riqueza na mesa, precisamos multiplicar cada vez mais e não parar nesse primeiro encontro, daremos continuidade. É apenas o primeiro encontro, por isso que defendemos a nossa mãe terra. Devemos valorizar nosso artesanato que vem dela, ela é sagrada para nós, pois é dela que tiramos nossa sustentabilidade”, frisou Maria.

 

Maria Betânia, Secretária Geral do Movimento de Mulheres Indígenas

Elton Tenente, do Povo Taurepang, que é coordenador do Projeto Semente das Artes fez um breve relato sobre o início dos trabalhos e agradeceu o apoio do CIR.

“Pensei em tudo que já fazia, na arte, então chamei meus amigos, apresentei a ideia, olhava pro meu quintal, imaginava muita gente, hoje é um sonho que se realiza. Apresentei o projeto em 2018 a Maria Betânia antes da pandemia, e hoje todos poderão levar um pouco da essência desse trabalho”.

Panelas de Barro

 

Fato importante a citar é que o barro para confeccionar a panela veio de outra região, como uma experiência para dentro do encontro, já que segundo o coordenador Elton, o barro geralmente é usado neste tipo de oficina será ‘perdido’ devido o asfaltamento e ampliação de uma rodovia nas proximidades da terra indígena, no qual o barro era tirado.

Marisela Borjas, artesã do povo Warao da Venezuela que atualmente vive em Pacaraima, agradeceu e ressaltou:

Obrigado pela oportunidade, a todos os irmãos de povos diferentes, aproveitei muito o tempo, estou vendo esse fortalecimento essa força e união, que serve para multiplicarmos, e daremos o exemplo, a nossa comunidade, as nossas mulheres, isto é cultura, isto é patrimônio cultural”, comentou.

 

Marisela e Selina, artesãs do Povo Warao

De acordo com Maria Betânia, outros encontros já estão sendo organizados, mas sem uma data prevista. E irá contar com parte dos artigos confeccionados para a venda, que permite a manutenção e a obtenção de novos equipamentos para o projeto interno da comunidade.

Ao todos foram confeccionadas 53 peças de cerâmica de barro e 137 peças de biojoias e artesanatos Warao. E contou com o apoio do CIR, Lideranças locais da Região e da Fundação Ford.