Ciclo de oficinas leva formação a jovens comunicadores indígenas de Roraima no contexto da pandemia de Covid-19

Ocupar novos espaços e aprender novas maneiras de se comunicar e de se manter informado em meio à crise sanitária provocada pela Covid-19. Esse é o objetivo da Oficina de Formação de Comunicadores da Rede Wakywai, que é promovida pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), pela Internews e pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), e que conta com a participação da Natureza e Cultura Internacional (NCI), da Mídia Índia e do Coletivo 105.

 Totalmente virtual, a oficina é voltada a 30 jovens comunicadores indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Taurepang e Sapará. Eles já estão atuando na rede Wakywai do CIR, que significa “nossa notícia” ou “nossa história”, na língua do povo Wapichana. O objetivo é fortalecer o enfrentamento à Covid-19, a partir da formação, das trocas de experiências com outros comunicadores indígenas, dos debates sobre estratégias de combate à desinformação e da produção de cartazes, podcasts e vídeos sobre a pandemia.

Durante três semanas, entre julho e agosto, os comunicadores indígenas participarão de encontros on-line na Plataforma FORMAR – ambiente virtual de ensino e aprendizagem dos cursos e dos programas de formação do IEB. Nesses encontros, os cursistas irão interagir diretamente com os facilitadores especialistas, em tempo real, via internet, e irão utilizar ferramentas tutoriais na produção de vídeos, cartazes e podcasts.

 Para os jovens que participarem da oficina, foram disponibilizados telefones e chips para ingressarem no ambiente virtual do curso e para manejarem os aplicativos de edição; além disso, foi fornecido um apoio para deslocamentos dos cursistas aos pontos de acesso à internet. 

 A importância dessa Oficina é destacada por Márcia Fernandes, do povo wapichana, jornalista que coordena o Departamento de Comunicação do CIR: “Ter uma formação continuada é essencial para o fortalecimento da rede, já que a maioria dos comunicadores já têm uma formação básica quanto ao assunto, mas eles podem aprender mais para auxiliar no manuseio de celulares com os aplicativos e câmeras fotográficas e também para a produção de materiais com informações no combate à COVID-19, no contexto que estamos vivendo. Essa nova etapa de formação só vai nos fortalecer”.

 

Identidade visual

Uma forma bastante comum de contar histórias é através das fábulas, nas quais os personagens principais são animais que falam, que fazem “coisas de gente”.

 Quem nunca ouviu uma história de lobos, corujas, e tartarugas que competem contra coelhos em uma corrida? Foi com essa ideia em mente que surgiu a identidade da Oficina de Comunicação Wakywai.

 São os animais presentes na Savana de Roraima que nos convidam para essas oficinas. A onça, animal robusto e inteligente, nos convida para a abertura do evento, com o seu rugido forte. Para as oficinas de cartazes, quem nos convida é o tamanduá-bandeira, animal belo e chamativo, como deve ser um cartaz.

 Para as oficinas de vídeos, quem nos convida é o carcará, que observa tudo do alto, que “filma as cenas” antes de tomar qualquer atitude. Para as oficinas de podcast, é a raposinha da savana conhecida como cachorro do mato, que uiva alto para “falar” com outros da sua espécie, mesmo que estejam distantes. O téutéu, um pássaro comum nesse bioma, também está presente nas imagens para as plataformas de podcast; ele é o locutor alado, aquele que comanda as frequências de rádio da nossa oficina.