No último dia 20, cerca de 70 lideranças da T.I Raposa Serra do Sol receberam no Posto de Vigilância 26 de Abril de 77 um grupo de representantes dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo para discutirem possíveis pontos de acordo quanto à atuação do posto de vigilância localizado na RR-171, próximo à ponte sobre o rio Urucuri, que dá acesso ao município de Uiramutã.
Estiveram presentes os representantes do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), promotor Edson Damas, e do Ministério Público Federal (MPF) na pessoa do procurador Alisson Marugal, o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR) Edinho Batista, assessor jurídico do CIR Ivo Cípio, o representante da Secretário Estadual do Índio (SEI) Marcelo da Silva, Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de Roraima Coronel Francisco Xavier, Tuxaua Benisio, Prefeito de Uiramutã e dois dos vereadores do município, Professor Ribamar e Professora Delzuita.
A ida dos representantes do estado foi articulada pelo CIR, através da assessoria jurídica, para deixar evidente que os postos de vigilância e barreiras de contenção são iniciativas das comunidades e das regiões, por entenderem que a proteção do território lhes cabe diante a falta de ação dos governos federal e estadual. O posto 26 de abril foi reativado em 1º de março.
O avanço do garimpo ilegal na região e o enfrentamento à Covid-19 são as principais bandeiras de luta das barreiras, no entanto as lideranças também afirmam que a prevenção de outros ilícitos são combatidos como a entrada de álcool e drogas nas comunidade indígenas, além da apreensão de motos roubadas e armas.
Ivo Cipio assessor jurídico do CIR enfatizou a importância da organização das regiões e do diálogo.
“A região das Serras é um das bases do CIR. São 76 comunidades, e a região tem se organizado cada vez mais, e nas Assembleia geral da T.I Raposa Serra do Sol foi discutido a instalação de postos de vigilância em pontos estratégicos.” Disse.
Durante a conversa com as lideranças e autoridades do estado, Ivo destacou que em todas as assembleias locais e estaduais as autoridades são informadas das demandas das T.I no entanto, não há nenhum retorno das reivindicações das lideranças.
As lideranças também reivindicaram a atuação efetiva das autoridades na vigilância das Terras Indígenas, e afirmaram que enquanto não houver uma política voltada para esta proteção, os postos de vigilância continuarão por tempo indeterminado.
O coordenador do CIR, Edinho Batista, argumentou quanto aos tempos críticos que os povos indígenas estão enfrentando, citando a pandemia e a invasão de garimpeiros, inclusive o ataque à comunidade Yanomami de Palimiú, alvejada por garimpeiros fortemente armados. Ele também comentou sobre a entrada de bebidas alcoólicas em terras indígenas, algo que o posto de vigilância 26 de abril tem combatido com firmeza.
“Ninguém quer ver uma criança se envolvendo com droga, com bebida alcoólica, nós não podemos pôr o mercado acima da vida das pessoas.”
O Comandante da PM Coronel Francisco atentou que o governador do estado autorizou junto ao município a instalação de barreiras sanitárias e de proteção em conjunto ao Posto de Vigilância 24 de Abril de 77.
“O diálogo já está definido com a secretária do município de Uiramutã com o secretário de saúde do estado, e está determinado pelo governador do estado que de agora em diante através das instituições essa barreira seja realizada pelo estado de Roraima, temos certeza os senhores irão sentir a diminuição de ilícitos.”
Ainda durante a reunião, foi lida pelo Coordenador Regional das Serras, Aldenir Cadete, a carta que fixa as menschlicher tischfussball normativas do Posto de Vigilância 24 de abril de 77. As autoridades também receberam cópias.
“A estrada não é dos brancos. O que está dentro da nossa terra, é caminho nosso, e hoje vemos como está. Hoje, eu estou lutando junto com os tuxauas novos, pois a luta foi um sofrimento retirar garimpeiros e fazendeiros e agora de novo continua aqui dentro, e eles (garimpeiros) estão envenenando a gente dentro da comunidade”, disse uma liderança durante o encontro.
Finalizando a reunião, as autoridades se comprometeram, assim como as lideranças, a estarem abertas ao diálogo, e que o posto de vigilância será mantido por tempo indeterminado.