Primeira oficina de sensibilização do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) das comunidades da Terra Indígena São Marcos

Visando a proteção territorial, ambiental e a construção de um plano de vida coletivo, as comunidades da Terra Indígena São Marcos iniciaram nesta semana as discussões para a construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) . Com 654 mil hectares, a T.I São Marcos fica entre os municípios de Boa Vista e Pacaraima e foi demarcada em 29 de outubro de 1991. Atualmente, são 6.593 moradores dos povos Macuxi, Taurepang e Wapichana vivendo em 46 comunidades.

Medida de temperatura dos participantes

O primeiro encontro de sensibilização de PGTA foi realizado entre os dias 1º e 2 de dezembro na comunidade Sorocaima 2, região São Marcos. Foram seguidos todos os protocolos de combate à Covid-19 como uso de máscara e álcool em gel. Participaram mais de de 100 lideranças indígenas que representaram as comunidades que compõem a Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos (APITSM).

Marcações para distanciamento

Organizada pelo Departamento Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR) em parceria com APITSM, NCI, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Nia Tero, a oficina foi voltada para explicar as funcionalidades do PGTA, como é feita sua construção e sensibilizar as lideranças sobre a importância de um plano de gestão próprio.

“Um plano de gestão territorial para uma terra indígena é como uma ferramenta de diálogo”, destacou a coordenadora do Departamento de gestão territorial e Ambiental (DGTA) do CIR, Sineia do Vale. “Ele é muito importante para que a comunidade faça a gestão de seu território, para dentro e para fora da terra indígena, por isso é importante que tanto homens, quanto mulheres e jovens tenham a oportunidade de contribuir na construção dele”.

Sineia do Vale coordenadora DGTA

Após esta primeira oficina serão mais quatro encontros temáticos com as comunidades para debater temas como proteção e vigilância territorial, uso sustentável de recursos naturais e planejamento de gestão. Ao fim, será realizada uma última assembleia, com a presença de líderes, moradores, organizações governamentais e não-governamentais, para validação do PGTA e posterior publicação.

“A construção do PGTA é totalmente moldada pelas comunidades, cabendo ao Conselho Indígena de Roraima o apoio”, destacou aos presentes Maria Betânia Macuxi, secretária geral do movimento de mulheres indígenas do CIR.

Maria Bêthania secretária geral do movimento de mulheres indígenas do CIR

Edmilson da Silva, coordenador regional da segurança da TI São Marcos participou do evento e disse que a oficina foi importante para que os tuxauas e moradores entendam o que é um PGTA. “Ele é de suma importância para as comunidades dos três polos, alto, médio e baixo São Marcos. Vejo isso como um avanço e acredito que faremos bom proveito”, destacou.

Tomás Tancredi, oficial de proteção do UNICEF

“Para nós é fundamental que os próprios povos indígenas pensem no cuidado com o seu território. O diálogo acerca de políticas públicas e a melhoria delas é necessário e, mais do que isso, ele deve ser ajustado de acordo com o ponto de vista dos próprios povos indígenas. É preciso incluir as crianças e os adolescentes nessa construção para que, desde cedo, eles possam participar das propostas e soluções para o seu território.”, avaliou Tomás Tancredi, oficial de proteção do UNICEF, que também esteve no encontro. 

Marcelo Macuxi, Coordenador geral da APITSM

“Creio que com esse plano as comunidades terão direcionamento de como fazer a gestão dos projetos, de fazer a gestão do meio ambiente, dos recursos naturais que existem na terra indígena e usufruir de maneira sustentável, visando sempre as futuras gerações, visando o bem estar da população indígena. Creio que esse plano após ser concluído, vai trazer muitos benefícios, principalmente pela construção coletiva, para os bem viver das comunidades preservação da nossa terra e nossa cultura.” Afirmou Marcelo Macuxi, Coordenador geral da APITSM.

O que é um PGTA?

O Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) é um instrumento da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) – instituída pelo Decreto nº 7.747, de 05 de junho de 2012 – de caráter dinâmico, concebido de forma a expressar o protagonismo, a autonomia e autodeterminação dos povos indígenas.

O PGTA materializa o planejamento, pactuado por toda a comunidade indígena envolvida, do uso do seu território para fins culturais, ambientais e econômicos. Em geral, desenvolve-se em torno de três eixos temáticos principais – proteção territorial, manejo e uso sustentável de recursos naturais e formação – mas traduz as particularidades de cada contexto e as estratégias locais de gestão dos territórios indígenas.