Mulheres da região Alto Cauamé recebem capacitação de enfrentamento à violência

A secretaria geral do movimento de mulheres indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) realizou nos dias 20 e 21 de novembro na comunidade Sucuba, região Alto Cauamé, uma capacitação sobre o enfrentamento da violência contra a mulher. O objetivo foi informar as mulheres sobre como atuar no combate à violência, principalmente a doméstica, e a partir disso, multiplicar essas informações nas suas comunidades.

No primeiro dia do encontro, a psicóloga Iterniza Pereira explicou sobre os tipos de violência e suas consequências psicológicas. Em seguida, ela realizou atividades como, desenhar algo que elas se identificassem e depois cada uma falou sobre a importância do desenho. Já no segundo dia, a assessoria jurídica do CIR falou sobre os direitos das mulheres e a Lei Maria Penha. 

Psicóloga Iterniza Pereira e Valterlina de Souza, coordenadora regional das mulheres da região Alto Cauamé.

Durante os dois dias de capacitação, participaram 42 mulheres das comunidades indígenas Sucuba, Raimundão I e Arapuá. Uma delas foi a dona Cacilda da Silva, de 68 anos, da comunidade Raimundão I. Para ela, a capacitação servirá para multiplicar informações precisas para as mulheres da sua região e comunidade. “Tudo que aprendi aqui vou repassar para as mulheres da minha comunidade”.

Cacilda da Silva, de 68 anos, da comunidade Raimundão I.

Joênia da Silva, de 11 anos, da comunidade Sucuba também participou dos dois dias de capacitação. Ela disse que a palestra da psicóloga Iterniza, a forma de explicar as violências que as mulheres sofrem sem perceber que estão em situação de abuso, foi importante, e que ela como jovem mulher pretende passar o que aprendeu para as meninas de sua escola. “Tudo que foi passado a nós vai ser permanente na minha vida, pra não sofrer nenhum tipo de violência. Pretendo compartilhar o que aprendi com as meninas da minha escola”.

A jovem Joênia da Silva, de 11 anos, da comunidade Sucuba participando da capacitação.

Para a psicóloga Iterniza, é importante compartilhar informações sobre os tipos de violência que mais são cometidos contra as mulheres. Isso porque a maioria das pessoas acredita que existe apenas a violência física, sendo que a que mais ocorre é a psicológica.

“A violência psicológica é classificada como uma das piores, porque a mulher não consegue se recuperar rapidamente. Por isso as dicas de como atentar- se ao início da violência, o que fazer e como fazer os procedimentos são bastante importantes. Com essas informações, as mulheres se sentem seguras, e cientes se estão sendo violentadas e buscam por orientação, tanto com psicológico quanto com um advogado”, explicou a psicóloga.

Foram tomadas todas as precauções para evitar a contaminação pela Covid-19 como uso de máscaras e álcool em gel.

A secretária geral do movimento de mulheres indígenas, Maria Betânia Macuxi, disse que a capacitação foi importante para que as mulheres se informem sobre o enfretamento da violência. “Nós mulheres temos direitos, temos a capacidade de ocupar vários espaços, e precisamos dessa força e transmitir essas informações na linha de direito da mulher”, destacou Betânia. 

É o que reforça  Valterlina de Souza, coordenadora regional das mulheres da região Alto Cauamé. “Como forma de ajudar essas guerreiras, realizamos a capacitação para aperfeiçoar os nossos conhecimentos sobre os nossos direitos e deveres”.

As mulheres colocando na árvore dos sonhos, o que elas esperam do futuro depois da capacitação.

Ao final, Iterniza e Maria realizaram atividade com a árvore dos sonhos, que tem intuito de saber o que elas esperam do futuro depois da capacitação. O encontro foi apoiado pela Fundação Ford, missionárias da paróquia Santa Isidório e contou com mais de 40 pessoas entre lideranças, mulheres, homens, jovens e o vice-coordenador do CIR, Edinho Batista, o coordenador Estadual do Núcleo da Juventude indígena, Alcebias Constantino e o Coordenador Estadual do Grupo de Proteção e Vigilância Territorial Indígena (GPVITI).  Foram tomadas todas as precauções para evitar a contaminação pela Covid-19 como uso de máscaras e álcool em gel.