Comunidades da Região Tabaio em Alto Alegre mostram a força da produção orgânica e animal

O Conselho a Indígena de Roraima (CIR) com o intuito de registrar informações sobre a agricultura indígena da Região Tabaio, localizada no município de Alto Alegre, visitou as roças das Terras Indígenas da localidade. A visita foi realizada entre os dias 16 a 18 de Setembro e foi conduzida pelo coordenador regional Joacir Bento, tuxauas de cada comunidade e os produtores familiares.

Coordenadores e Lideranças exibem arroz colhido na comunidade Boqueirão

Mesmo diante dos desafios diários e a Covid-19 atingindo as grandes lideranças, as comunidades não pararam as atividades agrícolas familiares e comunitárias.

Café, Comunidade Mangueira

A produção de café na comunidade Mangueira que já tem mais de 30 anos é o grande destaque, no entanto a produção de arroz, milho, criação bovina, suína e peixes, também vêm se destacando nas demais comunidades da região.

Foram visitadas as áreas: Boqueirão, Mangueira, Pium, Anta 1/ 2, Barata e Livramento. O intuito do CIR foi registrar e coletar informações sobre a produção regional, além de reafirmar o compromisso da organização com a região.

 O Tuxaua da comunidade Mangueira, Salim Ribeiro, levou os coordenadores às roças de café, milho e banana entre outras. Citou que a previsão de colheita é de 80 sacas de café, logo fez a doação ao banco de sementes do CIR para distribuição às outras regiões. Os jovens, em sua maioria mulheres também da comunidade Mangueira dentre as 23 famílias, se organizaram para uma plantação de bananas, que já conta com 240 pés, com variados tipos, da prata a banana longa.

Como forma de estabelecer um cultivo contínuo não só de banana, mas de outras produções, pessoas da comunidade se uniram e cavaram uma cacimba para irrigação que manterá as plantações nos momentos de seca que a região eventualmente enfrenta.

Cacimba para irrigação, Comunidade Mangueira

Iniciativas nas demais comunidades são iguais à de seu Marcilio que cria 160 porcos na comunidade Boqueirão. Este procura na internet sobre o manejo e conversa com um criador de fora do estado sobre as melhores técnicas de alimentação e criação. Além de fabricar parte da ração, vende os animais para todas as comunidades. “Aqui toda a região me procura pra comprar porco” disse, também agradeceu o apoio dado pelo CIR em sua iniciativa.

Sr. Marcilio criador de suínos, Coordenador do CIR Enock Taurepang e coordenadora Maria Betânia

O Tuxaua da comunidade Boqueirão Sebastião Pedro e a esposa Rosanete Santiago que é coordenadora das mulheres fizeram a doação de sementes de milho preto e arroz das roças comunitárias ao banco de sementes do CIR.

As comunidades Anta 1 e 2 mostraram suas iniciativas de produção, além das tradicionais roças de mandioca e milho, o cultivo de arroz e banana é amplo na comunidade com vários tipos, um exemplo bem típico de banana é a São Tomé roxa. A criação bovina se destaca na área, possuindo cerca de cem cabeças de gado. E a forte iniciativa de criação de peixes.

Gado fazenda do Céu, Anta 1

Algumas famílias da comunidade Anta 1 e 2 usam tanques para criação de peixes, como de seu Etevaldo que possui cerca de 3000  peixes da espécie Mamuri, já em fase final de crescimento. O produtor Junior Albuquerque deu inicio a criação de peixes com 600 alevinos de mamuri, e por já ter trabalhado antes em outra localidade, resolveu ter a própria criação. Outra espécie da região é o tambaqui e a matrinxã.

Visita a tanque de peixes da espécie Mamuri

Um dos mais Antigos produtores da comunidade Livramento é o senhor Atsunori Nakamura ou seu Perugano como é conhecido, tem mais de 70 anos, trabalha na roça e possui 160 pés de banana, um plantio de cerca de quatro linhas de mandioca e macaxeira, além de selecionar suas sementes de milho para o plantio. Em sua antiga produção afirmou ter tirado mais de sessenta caixas de tomate.

Roça Sr. Atsunori
Sr. Atsunori Nakamura observa sua roça

Outras iniciativas que são importantes citar, Dona Gardênia Santos no plantio de arroz, milho e hortaliças na comunidade livramento. No Pium, seu Celestino Andrade, cantor e compositor a região é um ferrenho protetor da madeira Pau-rainha. O senhor Zildo Souza Barboza que uniu sua família para uma produção extensa de mandioca, macaxeira e milho na comunidade Barata.

Dona Gardênia Santos e seu pilão para arroz
Sr. Celestino Andrade em sua roça de mandioca
Seu Zildo Souza recebe e presenteia Coordenador Enock com comidas típicas

Coordenador do CIR, Enock Taurepang, reafirmou o compromisso da organização com todos, durante as visitas às áreas e frisou a importância de estarmos cientes de registrar a capacidade das terras. Destacou que o trabalho das Regiões como Tabaio e Centro Willimom são uma das armas mais fortes contra o discurso de fome que se prega aos indígenas dentro das comunidades.