COM AGRICULTURA ORGÂNICA COMUNIDADES DO CENTRO WILLIMON FORTALECEM AUTONOMIA E MANTÊM SUSTENTABILIDADE

Todos os anos as comunidades indígenas do Centro Willimon, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS), em Roraima, trabalham no cultivo de alimentos orgânicos e neste ano nem mesmo a pandemia da Covid-19 fez com que os moradores da região parassem com as produções.

Nesta temporada, as 19 comunidades que compõem o centro estão cultivando variedades de produtos orgânicos para sua própria subsistência. São pais de famílias, mulheres e jovens que trabalham diariamente nas suas roças cultivando melancia, milho, banana, amendoim, abóbora, batata, arroz, variedades de feijão e também a mandioca, cuja produção é a maior de todas.

Na comunidade Monte Muriá l, que tem uma população de 370 pessoas e 70 famílias do povo Macuxi, a produção só tem crescido e há um pequeno comércio interno, visando à economia entre as comunidades. “É um trabalho autônomo e produtivo e, além disso, plantamos de forma sustentável, sem contaminar o meio ambiente”, destacou o tuxaua da comunidade Monte Muriá I Antônio Samuel Batista.

Tuxaua da comunidade Monte Muriá I Antônio Samuel Batista, mostra a plantação de mandioca.

Dona Nelcicleides Marques, que trabalha na roça com a sua família, disse que a maior parte do trabalho é feito de forma artesanal. “Nós não trabalhamos com grandes máquinas para destruir o meio ambiente, trabalhamos com os nossos braços, a inchada, a foice”, disse ela.

De acordo com o coordenador do centro, Amarildo Macuxi, apesar do plantio não ter sido prejudicado pela pandemia, muitas comunidades foram afetadas pela doença e por isso eles tiveram de redobrar os cuidados.

“Continuamos com o isolamento social dentro das nossas comunidades, tomamos a nossa medicina tradicional, ficamos trabalhando nas nossas roças, cada pai de família trabalhou com a sua família, assim alcançamos um bom resultado. Temos nossa produção de qualidade”, destacou Amarildo.

Lideranças exibem resultado das plantações de cana de açucar.

Para o coordenador do Conselho Indígena de Roraima, Enock Taurepang, que recentemente visitou a região para levar materiais de apoio, a produção das comunidades do Centro Willimon merece reconhecimento. “Todo esse trabalho só vem a fortalecer a organização indígena”.