Lideranças da T.I RSS tornam pública nota de esclarecimento sobre as denúncias no bloqueio da comunidade Tabatinga

Nós, Lideranças Indígenas das comunidades Maturuca, Camararém, Flexalzinho, Lilás, Pavão, Socó II; Morro, Angical, Aramu, Cutia, Central, Warabada, Maracanã II, Mutum, Santa Tereza, Pedra Branca, Barreirinha, Igarapé do Galo, Tamanduá II, Tabatinga, Enseada, São Mateus, Santa Liberdade, Bem Viver, Nova Aliança I, Nova Aliança II, Triunfo, São Filipe, Willimon, Keweken, Caxirimã, Uiramutanken, Kumapai, Laje, Popó, São Francisco, São Gabriel, Uiramutã, Urucá, Canaã, Canauawapai, Monte Muria I, Prototo, Sítio São Mateus, Urinduk, Waronkayen, Nova Esperança, Caracanã, Andorinha, Arapá, Makuken, Milho, Monte Sião, Nova Vida, Pato, Salvador, Ximaral, Caraparu I, Sol Nascente, São Luiz, Mudubin, Estevão, Tamanduá, Manaparu, Waromada, Campo Formoso, Lago Verde, Piolho, Ponto Geral e Sapã da Terra Indígena Raposa Serra do Sol,

Viemos repudiar as denúncias ocorridas em razão da barreira do Posto de Vigilância e Monitoramento Sanitário Tabatinga, que tem como objetivo evitar a propagação do coronavírus e impedir acesso de não indígenas nas comunidades e região publicado nos meios de comunicação tentando prejudicar o nosso trabalho. O mundo vive uma pandemia causada pelo novo coronavírus que está mobilizando todas as autoridades do país, mas muitos antes disso as comunidades fazem monitoramento dos seus territórios tradicionais. Agora só estamos reforçando a atuação para evitar a propagação do vírus nas comunidades indígenas em razão das orientações do Ministério da Saúde, SESAI e demais órgãos públicos.

 Esclarecemos que em nenhum momento estamos causando qualquer tipo de transtorno e nem humilhação às pessoas que trafegam pela nossa vigilância, a passagem de alimentação e medicamentos está ocorrendo sem impedimentos e não existe qualquer cobrança de propina. Destacamos que está proibidoa entrada de bebida alcoólica conforme a Lei Nº 6.001/1973 (Estatuto do Índio), no artigo 53 estabelece que é crime propiciar, por qualquer meio, a aquisição, o uso e a disseminação de bebidas alcoólicas entre indígenas  e equipamentos de garimpagem (maquinário) para dentro da Terra Indígena. Enfatizamos que nos colocamos à disposição para prevenção das demais comunidades e o nosso trabalho é voluntário para defender as vidas de todos, independentemente de organizações.

Essa iniciativa surgiu através das preocupações das comunidades e lideranças dessa região para nos resguardarmos, porque até o momento o DSEI/LESTE e o próprio município não estão preparados ou têm condições de atender, caso tenhamos indígenas infectados dentro das comunidades.

A nossa vigilância não e clandestina e nem ilegal porque é um direito amparado pela Constituição federal no artigo 231 e 232, pela convenção 169 da OIT e Declaração da ONU. A barreira tem respaldo das comunidades indígenas acima citadas. Ressalvamos que  se forem pegos materiais destinados ao garimpo ou qualquer atividade ilícita, as autoridades competentes serão acionadas para devidas providências.  

 Sobre acusação, exigimos prova se o coordenador Aldenir Cadete de Lima é suposto funcionário da prefeitura. Nós lideranças queremos respeito ao nosso coordenador.

 A nossa vigilância não TEM VINCULO POLÍTICO PARTIDÁRIO e muito menos serve para fazer politicagem. Destacamos que há pessoas  querendo politizar este momento de Situação de Emergência na Saúde para tentar desmoralizar a atuação das comunidades indígenas na vigilância e monitoramento territorial.

Estamos no diálogo e acordo como o coordenador Carlito Maciel Taulipang do Centro Regional Indígena da Água Fria- CRIAF, que também trouxe suas preocupações e recomendações e estamos abertos a diálogos com demais lideranças da SODIURR.

Os Povos indígenas não precisam de mineração, garimpo, arrendamento e hidrelétrica em seus territórios. O nosso desenvolvimento é baseado no respeito à Mãe Terra, onde temos o acesso ao ar puro, lagos, rios, campos e florestas preservadas. Em nossas comunidades já existem um desenvolvimento próprio baseado na sustentabilidade de nossa terra com a criação de bovinos em nossas comunidades e com foco na nossa agricultura orgânica.

O projeto do atual governo autoriza a invasão dos territórios indígenas, através de grandes grupos econômicos, empresários e latifundiários do agronegócio. Nossos Direitos nunca estarão à venda, e nunca serão objeto de compensação e muito menos objeto de disputa milionária por royalties. E vamos resistir na defesa, vigilância e monitoramento do nosso território.

 Assim REPUDIAMOS qualquer tipo de denúncia e ataques contra os trabalhos das comunidades da Terra indígena Raposa Serra do Sol e exigimos respeito com nosso posto de vigilância, pois entendemos que esse é o momento de UNIÃO para enfrentamento e combate ao coronavírus e vigilância e monitoramento territorial. Nossa vigilância será por tempo indeterminado.