Lideranças Indígenas do Brasil e Guiana se unem para monitoramento na fronteira como medida de proteção ao COVID-19

Com o avanço dos casos da pandemia do Covid-19 no Estado de Roraima, as intensas mobilizações nas comunidades para fechar suas entradas têm se intensificado cada vez mais forte, sem ajuda do estado e com muita preocupação as lideranças buscam alternativas para interromper a proliferação do vírus nas terras indígenas.

Com esse objetivo que os líderes indígenas da fronteira entre Brasil e Guiana se reuniram no dia 10 de abril nas margens do Rio Tacutu para uma parceria na expectativa de coibir a contaminação do Coronavírus entre as comunidades fronteiriças. Sendo do lado Brasileiro; pium, cachoeirinha do sapo-Terra indígena Manoá Pium e Jacamim, região Serra da Lua, município de Bonfim e da Guiana mais de 21 comunidades; Igarapé da areia, Potaronau, Pato, Ambrósio e entre outras-  próximas a Cidade de Lethen pertencente a capital Georgetown.

O líder indígena Joacy alexandre, ressaltou que essa parceria entre eles sempre ocorreu, antes no combate aos crimes e contrabando e agora no combate ao inimigo invisível COVID-19.

“Os parentes das comunidades vizinhas do lado Guianense fizeram essa parceria conosco para proteger seus territórios, um diálogo que temos há muito tempo, do lado da Guiana foram derrubadas várias árvores pelos próprios agentes no intuito de impedir a passagem de motos, carros e bicicletas” destacou Joacy.

No encontro o vice tuxaua Pedro Alexandre da comunidade Pium, destacou que o momento é importante e com a união dos povos irão interromper a passagem das pessoas nas fronteiras entre as comunidades. Ao todo são oito entrada que dão acesso pela fronteira.

“fechamos todas as saídas da terra indígena Manoá-Pium, ninguém sai e ninguém entra há mais de 24 dias, então contamos com essa ajuda agora para impedir que alguém entre via fronteira” afirmou o tuxaua.

Para ajudar nesse controle o Grupo de Proteção e Vigilância são os que estão na linha de frente dessa ação, o contato entre eles ocorrem via rádio e redes sociais. O que ajuda neste diálogo é que ambos os lados a predominância é da língua Wapichana.

Durante a reunião o tuxaua Carl Albert, da Comunidade Potaronau acompanhado pelos conselheiros das comunidades da Guiana leu um documento como medida de restrição de passagem de pessoas entre os dias 03 de abril até 03 de maio entre as comunidades da Guiana apoiado no momento da leitura pelas comunidades do Brasil.

No documento deixou claro que se qualquer pessoa desrespeitar essas medidas, será preso e multado pela Força Policial da Guiana.

E reafirmou seu posicionamento;

“Não queremos que o nosso povo seja contaminado. Então é proibida a vinda de pessoas da comunidade Pataronau (Guiana) para atravessar a fronteira. E pessoas saindo do Pium (Brasil) para Potaronau também não será permitida, até que o período de quarentena cesse” pontuou.

Documento dos povos da Guiana e reafirmado pelos povos do Brasil
Texto traduzido do inglês: Tradutor DR. Ivo Cípio

Situação da Covid-19 em Roraima

O crescimento do Coronavírus têm aumentado aceleradamente, segundo o boletim epidemiológico divulgado no dia 12 de abril, são 83 casos registrados , e dentre estes um indígena da etnia Yanomami que foi a óbito no dia 09 de abril, dado as circunstância o momento é mais que importante que as comunidades se organizem para se prevenir do Vírus, pois, até o momento não houve nenhum caso confirmado dentro das comunidades indígenas.

Fotos: Joacy Alexandre