A comunidade Morcego, terra indígena Serra da Moça, região Murupu, recebeu nos dias 21 a 22 de novembro, jovens indígenas das regiões Tabaio, Serra da Lua, Surumu, Amajari, Raposa, Serras e Murupu, para o curso de formação de lideranças, ministrado pela assessoria jurídica e o Núcleo da Juventude do Conselho Indígena de Roraima (CIR) para fortalecer a luta dos seus ancestrais.
No tradicional malocão da comunidade Morcego, a juventude iniciou o encontro com orações de agradecimentos, cantos e danças de parixara. A Região Murupu possui duas terras indígenas, Serra da Moça e Truaru da Cabeceira. Compõe 5 comunidades Indígenas: Morcego, Serra da Moça, serra do Truaru, Anzol e Truaru da Cabeceira.
Conforme o assessor Jurídico Dr. Ivo Cípio o foco principal é formar lideranças para continuar defendendo os direitos povos indígenas. “Nosso objetivo é formar lideranças indígenas para continuar na defesa dos nossos direitos, além de formar cidadãos críticos” pontuou.
Os assuntos abordados foram sobre os direitos indígenas na Constituição Federal de 1988, leis nº 6.001/73 (Estatuto do Índio), noção básica do Direito Internacional dos Povos indígenas (convenção 169 da OIT) e declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas.
Preocupados com o cenário político, com as violações dos seus direitos, os jovens enxergam na formação um caminho para fortalecimento da juventude na continuação da luta no intuito de manter as conquistas das lideranças tradicionais.
“A conjuntura que estamos vivendo, os mecanismos que está sendo criado pelas lideranças é de fato para fortalecer as nossas bases, conhecer o nosso histórico, embora com muita dificuldade. Em outra oportunidade, pretendemos ter diálogo com jovens lideranças e com as lideranças tradicionais, buscando mais parceiros e fortalecer as nossas bases’, destacou o coordenador geral da juventude indígena de Roraima, Alcebias Constantino Sapará.
Na ocasião o coordenador geral do CIR, Enock Taurepang e o Tuxaua Fábio Gomes da comunidade São Domingos, região Serra da Lua, relataram as suas experiências de luta em defesa dos povos indígenas e direitos reconhecidos pela Constituição Federal de 1988 nos artigos 231 e 232. O coordenador Enock explica que, “a atualidade pede que a gente trabalhe a sustentabilidade e que não adianta ter uma constituição se a gente não faz valer os nossos direitos”.
Tuxaua Fábio disse que “hoje os nossos direitos estão sendo rasgados, retaliados e a Constituição está sendo rasgado. A nossa grande força e a nossa defesa estão em nós: as nossas línguas, costumes as nossas tradições. A nossa organização social é como a gente se organiza nas nossas terras”, afirmou.
O tuxaua da comunidade Morcego, Hilton King, definiu o momento especial para ele e aos jovens que já são lideranças. A juventude aproveitou cada aula dado no curso e o momento é de união. “É um momento especial para os jovens, nossa luta não é em vão, temos que nos manter unidos juntos com os eles, avalio proveitoso o intercambio dos jovens”, disse a liderança da comunidade.
Melina Pereira é da comunidade Novo Paraíso, da região serra da Lua, todos da sua comunidade vêem nela o potencial de uma liderança, por isso, futuramente pretende ser tuxaua da sua comunidade. E o curso vem para somar nos seus conhecimentos.
“Pretendo ser uma liderança na minha comunidade e estou buscando essa formação, é importante levar para as nossas bases essas informações e o curso só nos fortalece”, afirmou à jovem.
Na aula prática os jovens puderam conhecer a realidade vivenciada pelos moradores da comunidade Anzol, onde lutam pelo seu território.
Ao final do curso os jovens avaliaram o curso propondo idéias para o próximo encontro.
Fotos: Márcia Fernandes